Evento acontece na cidade histórica de 24 de janeiro a 1o de fevereiro, com programação abrangente e gratuita, pré-estreias e mostras temáticas, debates, rodas de conversa, shows, lançamentos de livros, atrações artísticas e discussões sobre o cinema brasileiro contemporâneo nas atividades do Fórum de Tiradentes

A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes abre o calendário audiovisual de 2025, entre os dias 24 de janeiro e 1º de fevereiro na cidade histórica mineira apresentando ao público a diversidade da produção cinematográfica brasileira em 140 filmes de todas as regiões do Brasil – 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens vindos de 21 estados – São Paulo (35), Rio de Janeiro (32), Minas Gerais (24), Ceará (10), Pernambuco (7), Rio Grande do Sul (7), Espírito Santo (6), Distrito Federal (5), Rio Grande do Norte (5), Alagoas (4), Paraná (4), Bahia (3), Santa Catarina (2), Acre (2), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Mato Grosso (1), Amazonas (1), Paraíba (1), Pará (1), Sergipe (1), divididos em 62 sessões que acontecemem três espaços de cinema instalados na cidade: Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro.

“A Mostra Tiradentes transforma a cidade histórica mineira na capital do cinema brasileiro, reafirma seu papel como plataforma de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo e ponto de encontro de cineastas, críticos, pesquisadores, profissionais do audiovisual e da cultura, acadêmicos, estudantes e espectadores. Ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil e oferece um ambiente de negócios, de gestação de parcerias profissionais, de inovação e tendências, de interação crítica no cinema. Um espaço de estímulo à novas produções e, ainda de internacionalização do cinema brasileiro”, destaca Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra Tiradentes.

A abertura da 28ª Mostra Tiradentes acontece no dia 24 de janeiro, sexta-feira, às 20h30, no Cine-Tenda com a pré-estreia mundial de “Girassol Vermelho”, novo longa-metragem do diretor mineiro Éder Santos, extensão de um de seus trabalhos mais aclamados que se tornou uma ficção protagonizada por um elenco estrelado, formado por Daniel de Oliveira, Chico Diaz e Bárbara Paz. No dia seguinte, às 10horas, tem início o 28º Seminário do Cinema Brasileiro com a mesa inaugural apresentando a temática desta edição “Que cinema é esse?” sob a perspectiva dos curadores Camila Vieira, curadora de curta, e Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial, programador e curador de longas.

HOMENAGEM | ATRIZ BRUNA LINZMEYER

Este ano, a Mostra homenageia o trabalho da atriz Bruna Linzmeyer, reconhecida por sua versatilidade e coragem em papéis marcantes e por sua contribuição ao cinema e ao ativismo de causas sociais e culturais. Uma retrospectiva de alguns de seus trabalhos consta na programação e inclui os filmes “O Vento Frio que a Chuva Traz”, Neville d’Almeida; “Cidade; Campo” (2024), Juliana Rojas; “Baby” (2024), Marcelo Caetano; “Notícia Populares (episódio 6)”, Marcelo Caetano; “Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui” (2021), Eri Sarmet; “Se Eu to Aqui é por Mistério” (2024), Clari Ribeiro; “Medusa” (2021), Anita Rocha da Silveira; “O Filme da Minha Vida” (2017), Selton Mello; “O Grande Circo Místico” (2018), Cacá Diegues; e “Alfazema” (2019), Sabrina Fidalgo.

TEMÁTICA | QUE CINEMA É ESSE?

Tiradentes se tornou referência por programar um cinema que aposta no processo criativo, na liberdade de expressão e na imaginação de novos mundos. O desafio da temática “Que cinema é esse?” é o de indagar o ponto em que essa produção está agora. “É preciso que o cinema brasileiro se arrisque a fazer perguntas novas, se arrisque a sair do já conhecido, seja na criação dos filmes, na elaboração das políticas públicas e estruturais do setor, na eleição de nossas prioridades, na nossa própria linguagem no debate público e no forjamento das novas ideias”, destaca Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial.

Para Francis, a pergunta da temática estimula olhar uma multiplicidade de produções, muitas vezes desconhecidas ou fora do circuito tradicional. “O cinema não é ‘o’ cinema, mas ‘os’ cinemas, compostos por uma dinâmica povoada de olhares, práticas e ideias contrastantes. É necessário preservar e restaurar filmes, fazer pesquisa e crítica, programar obras e formar novos públicos. Tudo isso faz parte do ato de ‘fazer cinema’, mas é preciso também reconhecer as distinções e hierarquias dentro dessa multiplicidade”, diz ele.

Além de se espalhar por vários filmes da programação, a temática estará presente em dois títulos específicos: os longas-metragens “Relâmpagos de Críticas, Murmúrios de Metafísicas”, de Julio Bressane e Rodrigo Lima, e “Odradek”, de Guilherme de Almeida Prado.

FILMES

“Malês” (RJ) Direção: Antônio Pitanga

Os 140 filmes em Tiradentes, entre curtas e longas, estarão distribuídos nas seguintes mostras: Olhos Livres, Aurora, Homenagem, Autorias, Temática, Vertentes, Clássicos de Tiradentes, Praça, Foco, Formação, Panorama, Jovem, Valores, CineEmbraturLab, Debate, Território Mineiro e Conexão BCM. Para ampliar a experiência, vários títulos ou conjunto de títulos contarão com debates nos Encontros com os Filmes, no Cine-Teatro, na presença de diretores, equipes de produção e convidados especiais.

Mostra Olhos Livres passa a ser avaliada pelo Júri Oficial, enquanto a Mostra Aurora será avaliada pelo Júri Jovem com sessões no fim da tarde. Além disso, a Aurora agora passa a contar com filmes exclusivamente de cineastas em seu primeiro longa-metragem. A decisão reflete mudanças observadas no panorama do cinema independente ao longo dos últimos anos. Quando a Aurora foi criada pelo curador Cléber Eduardo em 2008, o cenário da produção independente, de baixo ou baixíssimo orçamento, ainda estava se consolidando e buscava identidades. Com o tempo, esse campo ganhou forma e maturidade e modificou as trajetórias de seus realizadores. Os filmes selecionados para a Olhos Livres em 2025 são “Prédio Vazio” (ES), de Rodrigo Aragão; “A Primavera” (PE), de Daniel Aragão e Sergio Bivar; “Deuses da Peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado; “O Mundo dos Mortos” (RJ), de Pedro Tavares; “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ e CE), de Lucas Parente; “A Vida Secreta de Meus Três Homens” (PE), de Letícia Simões; e “Batguano Returns – Roben na Estrada” (PB), de Tavinho Teixeira e Frederico Benevides.

Em sua 18a versão, a Aurora é espaço exclusivo de primeiros longas-metragens. Com isso, a curadoria preserva o conceito original do recorte, que é o de apontar e descobrir realizadores em trabalhos iniciais na direção e os rumos do cinema contemporâneo brasileiros. Os títulos serão avaliados pelo Júri Jovem. Os selecionados para esta primeira edição da nova fase da Aurora são “Margeado” (ES), de Diego Zon; “Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; “Nem Deus é tão Justo quanto seus Jeans” (SP), de Sergio Silva; “Kickflip” (SP), de Lucca Filippin; “Cartografia das Ondas” (RJ), de Heloisa Machado; e “Resumo da Ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda.

O sentido que soa mais latente no conjunto da Mostra Autorias em 2025 é o de uma ênfase nas trocas e nas transformações. Seja na duplicidade dos músicos que conduzem “Centro Ilusão” (CE), de Pedro Diógenes, cuja permuta (histórica, estética, libidinal) é central como tarefa do trajeto fílmico, ou na fantasmagoria da correspondência de Lota de Macedo Soares habitando a escuridão presente do parque urbano carioca em “Para Lota” (RJ), de Bruno Safadi e Ricardo Pretti, nas variações entre contar e ver, simbolizar e ser, entre humano e coisa, textura e vida, entre si e outro, que experimentamos em “Uma Montanha em Movimento” (SP), de Caetano Gotardo, ou nas interações corporais e subjetivas tornadas jogos de montar e desmontar, em “Parque de Diversões” (MG), de Ricardo Alves Jr. As peças se apresentam para, no trajeto dos filmes, tornarem-se outras. E a possível autobiografia familiar de Sueli Maxakali se torna uma jornada essencialmente coletiva em “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (MG/MS), de Isael Maxakali, Luisa Lanna, Sueli Maxakali e Roberto Romero, em que toda uma comunidade humana e extra-humana participa, entre presenças e projeções.

Filme “Girassol Vermelho” Direção: Eder Santos

As exibições da Mostra Praça são um dos pontos de culminância do aspecto coletivo e comunitário que marca a Mostra de Tiradentes. As centenas de pessoas que se juntam na Praça Tiradentes estão ao mesmo tempo interagindo e experimentando o espaço da cidade, seu contexto imediato, às vezes envolvidos em outras atividades simultaneamente, o que exige da curadoria refletir e trabalhar ideias de coletividade que aparecem nos próprios filmes de diferentes formas. Este ano, a programação de longas-metragens da praça inclui “Malês” (RJ), de Antônio Pitanga; “Milton Bituca Nascimento” (SP), de Flavia Moraes; “3 Obás de Xangô” (RJ/BA), de Sergio Machado; “Alma Negra: Do Quilombo ao Baile” (SP), de Flavio Frederico; e “Kasa Branca” (RJ), de Luciano Vidigal. Além disso, haverá três sessões com um total de 15 curtas-metragens.

Na segunda edição dos Clássicos de Tiradentes, serão apresentados filmes que deram rumos fundamentais à Mostra como espaço de invenção e projeção visionária: “Conceição – Autor bom é Autor Morto” (RJ), de André Sampaio, Cynthia Sims, Daniel Caetano, Guilherme Sarmiento e Samantha Ribeiro, exibido no evento em 2007 e que serviu de prévia do que viria a ser a Mostra Aurora, criada no ano seguinte; e o curta-metragem “Maldição Tropical” (RJ), de Luísa Marques e Darks Miranda, que em 2017 disputou a Mostra Foco no ano seguinte à derrubada da presidente Dilma Rousseff e trouxe a impressão amarga de que o Brasil é, e sob certo aspecto sempre foi, uma ruína do futuro. O filme se afixou na memória de quem viu e segue como um dos mais misteriosos objetos que passaram pela Foco.

Nos curtas-metragens, serão 96 filmes. Os títulos escolhidos são distribuídos nas mostras Foco (13), Formação (13), Panorama (24), Praça (15), Homenagem (3) Jovem (5), Valores (4), CineEmbraturLab (4), Mostrinha (6), Clássicos de Tiradentes (1) e Território Mineiro (8). Entre elas, a Foco tem avaliação do Júri da Crítica e mantém o perfil da pluralidade e radicalidade, atenta à emergência de expressões sofisticadas de quem está começando pelo curta ou de cineastas experientes que continuam explorando o formato como meio de experimentação e refinamento.

Na Mostra Praça, entre os longas, há predominância de ficções, com presença forte de elementos da história do país. O grande sucesso “Mussum – O Filmis”, de Silvio Guindane, trata da trajetória de um músico e comediante essencial no imaginário brasileiro, enquanto o drama familiar “A Festa de Leo”, de Gustavo Melo e Luciana Bezerra e produzido pelo coletivo popular Nós do Morro, mostra a luta de uma mãe na tentativa de salvar a vida do pai de seu filho, dependente químico. “As Primeiras”, de Adriana Yañez, é um documentário sobre grupo de mulheres cariocas de 60 anos que formaram a primeira seleção feminina de futebol do Brasil, numa época em que o esporte era proibido de ser praticado por elas. Entre os longas da Praça, há ainda as ficções“Mais um dia Zona Norte”, de Allan Ribeiro, vencedor de sete candangos no último festival de Brasília, incluindo o de melhor filme, que é uma crônica suburbana carioca e “Saideira”, de Júlio Taubkin e Pedro Arantes.

Na Mostra Vertentes, “Oeste Outra Vez” (GO), de Erico Rassi, explora o sertão de Goiás com referências ao faroeste, mas troca o embate mortal pelo tédio da escassez; em vez do ouro e da conquista típicos do western clássico, o filme aborda a ausência de perspectivas no coração do Brasil. Já “Sem Vergonha” (RJ), de Rafael Saar, tem Maria Alcina interpretando sua própria biografia, em uma celebração de exuberância e teatralidade. Incorporando a chanchada e o teatro de revista, o filme resgata a irreverência dessas formas artísticas enquanto questiona os limites entre arte e realidade. A pungência de Alcina dá profundidade à encenação, evocando reflexões sobre identidade e autobiografia.

Em Tiradentes a Conexão Bracil CineMundi promove sessões Work in Progress, com filmes em processo de finalização que são vistos por consultores e convidados especializados na indústria do audiovisual. Em 2025 os filmes WIP são: “Nós a Sós” (RS), de Márcio Picoli e Victor Di Marco; “Morte e Vida Madalena” (CE), de Guto Parente; “A Voz de Deus” (SP), de Miguel Antunes Ramos; “Não Estamos Sonhando” (CE), de Ulisses Arthur; e “O Monstro” (SP), de Helena Guerra.

filme de encerramento, na noite de 1o de fevereiro, será “Suçuarana” (MG), mais recente projeto da produtora mineira Anavilhana Filmes, é a primeira direção compartilhada de Clarissa Campolina e Sérgio Borges no formato de longa-metragem.

Fonte: Assessoria Universo Produções