Ouro Preto – Em reunião tensa na noite desta quarta-feira, (12), a comunidade de Antônio Pereira foi informada pelo prefeito Júlio Pimenta, que 232 pessoas, em 98 edificações serão removidas de suas casas, localizadas próximas ao rio, e que os trabalhos de remoção começam amanhã. A medida preventiva se deve ao tipo de barragem que é montante, havendo um Termo de Ajustamento de Condura (TAC) a ser cumprido pela Vale.
A medida foi tomada após a Defesa Civil do Município acionar a Agência Nacional de Mineração. Participaram os promotores responsáveis pelas 2ª e 4ª Promotoria de Justiça e equipe especializada em remoções, Polícia Civil, Defesa Civil, Secretaria de Assistência Social e Procuradoria Jurídica. Nesta quinta-feira, (13), a Vale e a Prefeitura concedem entrevista coletiva para detalhar a missão de remover cerca de 230 pessoas. O Vereador Vander Leitoa (PV), majoritário e morador do distrito esteve presente e solicitou uma reunião da Vale com a comunidade e as autoridades.
Antes de entrar no assunto principal, o prefeito teve que responder a diversas perguntas sobre os pleitos da comunidade, como a quadra na frente da escola. Depois de muitas contas prestadas pode então explicar a presença das autoridades naquela reunião. Então explicou a situação e disse que por decisão dele as famílias serão retiradas de forma preventiva. Disse que também não dorme, mesmo estando longe do risco, e que por isso quer a retirada das famílias das áreas de mancha. E que Ouro Preto não terá vítimas do rompimento. Após responder aos questionamentos sobre esse assunto e por ter deixado os detalhes para a Defesa Civil, Júlio Pimenta passou a palavra ao Promotor de Justiça Dr. Domingos.
Uma participante depois de “inquirir” Júlio Pimenta, em tudo que quis, até conseguir fazer ele perder a boa! E foi aí que mostrou porque estava alí. Demonstrando o nível de estresse que se tem ao carregar o fardo de anunciar que uma comunidade está em risco. o nível de irritação foi tão alto que o prefeito disse a eleitora, que votasse em quem quisesse, mas que aquilo não tinha nada haver com eleição, mas sim, um problema que por decisão dele estava sendo resolvido de forma preventiva. Mas no final após ouvirem atentamente ao Promotor, todos estavam apaziguados, sendo a questão muito mais complexa que se imaginava.
De acordo com Dr. Domingos após a Agência Nacional de Mineração mudar a qualificação da barragem para a montante, havendo a exigência de descaracterização dessas estruturas foi proposta Ação Cível Pública, que em liminar suspendeu lançamento de rejeitos e que fosse contratada uma empresa de auditoria externa com as despesas pagas pela Vale, que recorreu ao TJMG, e viu a liminar ser mantida. “A empresa Vale precisa evacuar uma área porquê não cuidou da barragem. Precisamos estar unidos para superar esse período”.
Poliane Lino de Queiroz, 29, anos, moradora da rua Tabuleiro, disse que estava na reunião para debater os problemas do rio e descobriu que terá que sair de casa. Ela tem duas filhas de 10 e 3 anos. “Estou em choque, não sei o que vou fazer”, disse com os olhos marejados, perguntada sobre o que diria para a Vale, Poliane respondeu: “Que tenha responsabilidade. Não gosto nem de pensar”.
atualizada às 00h53
Por Marcelino de Castro
Foto: Prefeito e Promotores de Justiça
Confira as atualizações/Matéria inicial