Atleta ouro-pretana da categoria master do atletismo batalha para se manter e representar a cidade no esporte

Em 2004, os atletas ouro-pretanos Lourdes Aparecida Fernandes (Lurdinha) e Romualdo Galdino travaram uma batalha financeira para conseguirem participar da 80º Corrida Internacional de São Silvestre, realizada em São Paulo. Ambos de origem humilde, não tinham condições de se bancar nessa jornada que levaria o nome de Ouro Preto e do Brasil não só para essa corrida, mas sim para o cenário brasileiro de atletismo. Sem conseguir apoio de entidades governamentais, os atletas tiveram que contar com patrocínios, ajuda de amigos e de pessoas que se solidarizaram com a causa.


Vinte anos se passaram e a defasagem de apoio vindo das entidades governamentais da cidade continua parecida com a do início dos anos 2000, quando Lurdinha dava início à sua carreira, aos 42 anos. A atleta “master” de 66 anos desabafa sobre os desafios ainda enfrentados por ela: “ Eu corria muito atrás da secretaria de esporte, da prefeitura, procurando ajuda financeira para as competições, mas sempre recebia respostas como: ‘a gasolina destinada para o ano já havia acabado, ou a secretaria está no vermelho’. E essa situação se repete até hoje. Não mudou praticamente nada em comparação a quando comecei minha carreira.”


Esportes com menos visibilidade no Brasil, como o atletismo praticado pela ouro-pretana Lurdinha, na maioria das vezes são marginalizados pelo poder público e vistos como prejuízo quando o assunto é investimento. Um exemplo não só em Ouro Preto, é o futebol, esporte mais praticado do país, que está longe de receber o apoio necessário mesmo com toda sua representatividade para o povo. Ronaldo, presidente da LEO, Liga Esportiva Ouro-pretana comenta sobre sua visão do esporte na cidade: “Muitos esportes estão nas margens, como atletismo, então o que é visto em Ouro Preto sobre esses esportes são os talentos individuais, que nem sempre podem contar com o poder público, até porque não são todos que tem entidades organizadoras regulamentadas pelo governo.”


Assim, se evidencia um descaso por parte da prefeitura quando o assunto é o esporte na antiga Vila Rica. Lurdinha é apenas um exemplo em meio a inúmeras pessoas nascidas e criadas em Ouro Preto que dependem de ajuda para seguir levando o nome da cidade pelo mundo. O atleta quase sempre precisa abandonar seus sonhos por não ter condição de segui-los.

Por Davi Leles