Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto

O Governo de Minas anunciou que estão encerradas as tentativas de acordo com a Vale e a BHP decorrente do rompimento da Barragem de Fundão. O desastre aconteceu em 5 de novembro de 2015, em Mariana, MG, e é considerado o maior desastre socioambiental do país.

A empresa Samarco e suas controladoras querem um prazo de 20 anos para quitar a dívida de R$ 112 bilhões com as regiões atingidas em Minas Gerais e no Espírito Santo, mas o Governo mineiro não aceitou a proposta e decidiu encerrar negociações sobre o acordo de reparação.

Na quarta-feira, dia 19, o Ministério Público de Minas Gerais participou de uma reunião no Conselho Nacional de Justiça, a última realizada para tratar das negociações da repactuação de Mariana. Em nota, o MPMG declarou que “mesmo diante do esforço contínuo de todas as instituições envolvidas na busca pela reparação aos danos causados pela tragédia, restou frustrada a nova tentativa de formalização do acordo. Nas próximas semanas, as ações de reparação serão encaminhadas ao Poder Judiciário”.

Jarbas Soares Júnior, procurador-geral do MPMG, declarou que “as empresas perderam uma ótima oportunidade de solucionar os problemas que criaram”. Segundo ele, “o acordo somente tem sentido caso se consiga uma convergência de todo o Poder Público em torno de cláusulas, valores, prazos e condições adequadas, nos moldes do que ocorreu em Brumadinho. Chegamos perto do possível. A dívida com Minas, Espírito Santo e o Brasil permanece e a conta vai chegar de todo jeito às empresas e investidores, pois o crime foi gigantesco”, disse o procurador.

A tragédia de Mariana aconteceu em 2015. Dezenove pessoas morreram e cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram lançados no meio ambiente. A onda de rejeitos soterrou o subdistrito de Bento Rodrigues, percorreu 55 km no rio Gualaxo do Norte até o rio do Carmo, e outros 22 km até o rio Doce, deixando um rastro de destruição que percorreu mais de 600 km de cursos d’água até alcançar o litoral do Espírito Santo. E enquanto governo e empresas não se entendem, as famílias atingidas vão ficando sem as devidas indenizações.