Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto

Nem todo mundo sabe que a figura do bom velhinho de barbas brancas, tradicional símbolo da celebração que acontece no dia 25 de dezembro, foi inspirada num bispo chamado Nicolau, transformado em santo após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele.

São Nicolau nasceu na Turquia em 280 d.C. Conta-se que era um homem de bom coração que costumava ajudar as pessoas, deixando moedinhas nas casas das famílias pobres.

Celebrado em 6 de dezembro, foi na Alemanha que aconteceu a associação da imagem de São Nicolau ao dia do Natal. Ao se espalhar pelo mundo, ganhou o nome de Santa Claus nos Estados Unidos, Pai Natal em Portugal e, no Brasil, é chamado de Papai Noel.

Até o final do século XIX, era representado com trajes de inverno na cor marrom ou verde, mas o caricaturista e cartunista alemão do século XIX, Thomas Nast, considerado um dos pais da charge política americana, lançou na revista Harper’s Weeklys, em 1886, uma nova imagem para o bom velhinho. Nela, Noel apareceu pela primeira vez de roupa vermelha e branca e cinto preto.

Em 1931, a Coca-Cola se apropriou do figurino criado por Nast, e fez uso da imagem do Papai Noel em suas campanhas de fim de ano com as mesmas cores da marca do refrigerante. E assim, a figura do Papai Noel acabou se sobrepondo à imagem de São Nicolau.

Pandemia, recessão e violência

Felizmente, tanta publicidade não apagou o calor humano que envolve as celebrações natalinas, época ainda marcada por ações solidárias que buscam amenizar a fome e o sofrimento das pessoas. Principalmente no Brasil em tempos de retrocesso econômico, quando os preços dos produtos básicos para a sobrevivência das famílias estão visivelmente em alta descontrolada.

Uma das mais tristes novidades desse ano foram as famosas cartinhas da campanha “Papai Noel do Correios”. Criada há mais de 30 anos, dessa vez, ela causou perplexidade, pois, no lugar de bolas, bonecas, bicicletas e outros brinquedos, ou mesmo os tão sonhados celulares e tablets, objetos de desejo e sonho de consumo de tantos que nada têm, o que as crianças mais pediram foi mesmo alimentos, gás e até remédios.

Em uma cartinha, um menino pede “que não falte o que comer no final do ano”. Em outra, a menina só quer “um colchão para dividir com o irmão na hora de dormir”. São inúmeras as cartinhas que narram a situação de desemprego da mãe e do pai, mas, uma das cartas que mais chamou atenção em 2021 veio do Rio de Janeiro. Nela, a criança descreve uma ação policial que aconteceu em novembro, no Complexo do Salgueiro: “Os policiais mataram 20 pessoas e jogaram no mangue e meus amigos não tem mais papais”. E justificou assim seu pedido ao bom velhinho: “Aqui não temos com o que nos divertir, por isso eu quero te pedir nesse natal um patins de 4 rodas”.