Mariana – O prefeito Celso Cota concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira, 20/09, para apresentar a situação em que encontrou a administração municipal, por cerca de 4 horas respondeu às perguntas dos veículos de comunicação. Ele estava acompanhado do vice-prefeito, Cristiano Vilas Boas, do secretário de Governo Marcelo Macedo e do Secretário de Planejamento, Germano Zanforlim de Araújo.
O prefeito de Mariana, abriu a entrevista coletiva dizendo que chega na prefeitura com um prazo curto de 1 ano e quatro meses para o fim da gestão, mas com as responsabilidades assumidas com a comunidade em seu plano de governo, o qual, segundo Celso foi construído a muitas mãos e tinha a cidade mapeada para ser administrada a partir de janeiro de 2021.
De acordo com Celso Cota, a sua primeira reunião foi com a equipe da secretaria de Planejamento e só depois seguiu para as outras pastas. Ele explicou que há um déficit de R$ 60 milhões, que o Município se comprometeu com muitas despesas fixas, que hoje a Prefeitura tem cerca de 5 mil servidores e que o comprometimento da receita com a folha de pagamentos chega há 55% da arrecadação. Para ele, a Prefeitura deve definir as despesas fixas tendo como base as receitas próprias como ISSQN, ICMS e o IPTU.
Sobre às ações judiciais movidas contra o Município são referentes às políticas públicas que não foram cumpridas pelas lacunas no planejamento. Por diversas vezes frisou a necessidade do planejamento para a prestação dos serviços públicos.
Celso Cota disse que seu legado neste mandato será a organização da máquina pública, que está preocupado em colocar as contas em dia, pois tem fornecedores que estão com notas em aberto há cerca de 90 dias, enquanto a Prefeitura paga R$ 720 mil ao mês de empréstimos para o BDMG e para quitar os juros dos empréstimos oferecidos aos munícipes referente ao período da pandemia. Para ele faltou a voz da sociedade para que a cidade não chegasse na situação em que está, mas que não é a terra arrasada. “A sociedade tem que fazer a diferença”.
Sobre a gestão, disse que as secretarias meio serão mais ágeis para que auxiliem as secretarias fins a terem sua capacidade de atendimento ao público ampliada.
Saúde e Educação
A Saúde receberá investimentos na atenção básica, secundária e terciária. Celso Cota analisou que se a UPA São Pedro estivesse concluída seria uma referência para o tratamento da Covid-19, pois existem lá ambulatórios para isolamento adulto e infantil. “Quando fazemos a saúde básica forte, auxilia todo o sistema, pois há prevenção”.
Na educação a meta é ter todas as escolas municipais em tempo integral, elevar o índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O prefeito disse que deseja avançar com as disciplinas de Educação Patrimonial e Ambiental.
Saneamento Básico
Para redução de desperdício de água o SAAE deverá realizar a hidrometração, explicou o prefeito, ele pretende que o município tenha 100% de água tratada. Celso disse que Mariana e Ouro Preto estão atrasadas no tratamento de esgoto.
Contas Públicas
Celso Cota disse que está passando pela dificuldade de ter que reduzir gastos, especialmente com serviços terceirizados. Ele explicou que tem casos em que a prefeitura paga para a empresa R$ 26 mil por um mês de trabalho para um engenheiro, mas que o profissional recebe R$ 8 mil, outro exemplo é de um profissional de serviços gerais que recebe um salário mínimo e a prefeitura paga para a empresa cerca de R$ 4 mil pelo serviço.
Com os carros de cooperativas já reduziram cerca de R$ 800 mil. Com combustíveis o corte foi de R$ 100 mil neste primeiro mês de sua gestão.
CFEM
A Contribuição Financeira pela Exploração Mineral “tem chegado pingado, as cidades mineradoras estão com recursos em caixa, Conceição do Mato Dentro tem R$ 1 Bilhão em caixa, Santa Bárbara tem R$ 200 milhões”. Segundo Celso, a falta de planejamento é o que causou o déficit de R$ 60 milhões em Mariana.
Rompimento de Fundão
A cidade estará preparada para a repactuação e apresentará seus projetos para a Justiça Federal no próximo mês. “Fico triste porque o Município não teve assento na pactuação do acordo. Mariana não se organizou”. O prefeito lamentou que a cidade tenha recebido menos recursos do que outras cidades, citou Governador Valadares que recebeu R$ 1 bilhão em investimentos, entre os quais um hospital.
Repactuação
Celso explicou que a cidade estará preparada para a repactuação e que em breve apresentará as demandas de Mariana como obras de infraestrutura, saneamento básico e programas sociais. “Entendo que Mariana tem que estar em uma prateleira separada” na repactuação, ele espera “justiça social com o interesse do povo de Mariana”.
O plano de trabalho de Mariana será apresentado até o dia 30/10, ao Tribunal Regional Federal da 6ª Região.
Habitação
Celso Cota explicou que há 10 anos tinha deixado um projeto habitacional, o qual ficou engavetado, e que os projetos que sucederam projetaram a construção de 1.200 casas populares, que houve investimentos de R$ 16 milhões na desapropriação do terreno, além de recursos gastos com a infraestrutura. “Mariana gastou R$ 16 milhões na desapropriação, alí não seria o local, como o dinheiro foi pro ralo”, comentou;
Sobre a população flutuante, “Mariana atraiu muitas pessoas em busca de empregos, e quando ficam desempregados não voltam para sua cidade”, que a população flutuante está se estabilizando e se consolidando na cidade.
Mineradoras
O prefeito de Mariana deseja realizar um pacto com as mineradoras para resolver questões como o trânsito de caminhões pesados da Cedro. Ele pretende exigir compensações para as futuras cartas de anuência que as mineradoras almejem.
Os caminhões da Cedro poderiam ser eliminados caso a carga fosse transportada pela língua férrea, que segundo Celso está sub utilizada pela Vale, e que seu filho, deputado estadual Thiago Cota (PDT), é o relator da matéria das estradas de ferro na Assembléia Legislativa.
Reportagem: Marcelino de Castro