O atual prefeito e o prefeito eleito de concederam entrevista coletiva ontem e se queixaram dos municípios não terem sido ouvidos para a repactuação, além de defenderam que o valor para Mariana ficou aquém das expectativas

Mariana – O prefeito Celso Cota (PSDB) e o prefeito eleito Juliano Gonçalves (PSB) concederam ontem pela manhã entrevista coletiva para falarem sobre a Repactuação do Acordo de Mariana. Eles questionam os valores destinados ao município como reparação. A cidade receberá R$ 2,2 Bilhões, sendo R$ 1 bilhão para a Saúde. 

Na segunda-feira, 25/11, o Governador Romeu Zema estará em Mariana para apresentar as obras de duplicação da BR 356, que será custeada com recursos da repactuação e que será concedida à iniciativa privada, mesmo com duplicação sendo realizada com recursos da compensação pelo desastre.

Celso Cota frisou que está trabalhando junto com Juliano Gonçalves na transição. “Para que o próximo governo possa entrar bem embalado[…] isso precisa ser destacado e com certeza trará muitos resultados para a cidade de Mariana”.

O prefeito eleito, Juliano Gonçalves, iniciou sua fala agradecendo Celso pela condução da transição e “por encontrar um cenário melhor do que esperávamos”, disse que todas as informações estão sendo passada para sua equipe, que “está reunindo secretaria por secretaria para conhecer a realidade da prefeitura, em relação aos contratos, empenhos, restos a pagar, projetos em andamento, para não não haja interrupção em serviços que são essenciais”. 

De acordo com o prefeito Celso Cota, ele não pretende assinar o acordo de repactuação e deixará a tarefa para Juliano, que assume dia 1º de janeiro.

Juliano por sua vez, disse que leu duas vezes os termos da repactuação e que pretende fazer o que for melhor para o interesse do município de Mariana. “Esperamos 9 anos, não precisamos ter pressa nessa decisão que impactará nosso futuro”. 

Celso Cota propôs um pacto com as mineradoras para que os repasses dos recursos referentes à repactuação sejam feitos de forma antecipada, pois não há mais como questioná-lo na justiça por ter sido homologado.

Juliano Gonçalves explicou que acompanhará a ação da Inglaterra e buscará o entendimento com as mineradoras para que a cidade mais impactada seja contemplada com os recursos de forma mais imediata. Ele observou que para a saúde serão destinados R$ 1 bilhão em 20 anos, mas que o município investe R$ 300 milhões ao ano e que o valor programado na repactuação garante apenas 3 anos de investimentos em saúde. “O Acordo não tem como ser revisto, mas tem como ser negociado”. 

Juliano Gonçalves explicou ainda que leu duas vezes o acordo, que tem cerca de mil páginas e que ao assinar a repactuação dará quitação total para a Samarco, Vale e BHP, mas os recursos não serão pagos de imediato, como se dará a quitação total. Disse que a cidade sofre com muitos problemas sociais iniciados em 2015 e que estão culminando no dia de hoje. 

Ele destacou também que os municípios não foram ouvidos para a repactuação. Explicou que a cidade teve muitas despesas ampliadas após o rompimento, pois com a paralisação das operações da Samarco aumentaram a busca de serviços públicos como educação e saúde, com a arrecadação da cidade caindo em 70%. 

O prefeito eleito questiona o valor destinado pela repactuação aos municípios que ficaram com 4% do valor total, o que na visão dele é insuficiente, além das maiores parcelas estarem programadas para 2040. “Essa questão do pagamento, ela tem que ser revista. Esses valores, eles têm que ser revistos porque é um valor muito baixo, a gente está falando de 4% de um acordo de R$ 170 bilhões”.

Por Marcelino Castro