O Dia Mundial da Água é celebrado em 22 de março. A data busca conscientizar a população sobre a importância desse recurso natural para a vida e, principalmente, do seu uso consciente. Para ressaltar essa data, a SANEOURO traz um bate-papo com dois encarregados de manutenção de redes que contam a trajetória do abastecimento de Ouro Preto. Cláudio Evaristo tem 22 anos de profissão, já Francisco Carlos Ferreira conta com 34 anos de experiência. Eles conhecem inclusive as estruturas das redes mais antigas do município.
Saneouro: Como vocês começaram a trabalhar com saneamento básico no município?
Francisco: Desde 1988. Eu entrei como ajudante de encanador e fui trabalhando no decorrer do tempo, praticando com os bombeiros. Até que teve um concurso na prefeitura, Fiz a prova, passei e comecei a trabalhar como encanador. Eu gosto muito dessa profissão, dessa área e é onde estou até hoje.
Claudio: Eu comecei trabalhando no então Departamento de Água e Esgoto, até que foi criado o Semae e passei a trabalhar com água. No começo, para mim, foi muito difícil. Achei que eu não iria gostar, mas foi tranquilo e estou nessa caminhada até hoje.
Saneouro: O Francisco falou que aprendeu com os bombeiros, quando eles começaram com a questão do abastecimento em Ouro Preto e a regularizar o encanamento. E como foi esse processo com você, Cláudio?
Claudio: Eu comecei a trabalhar na área do esgoto, e fui aprendendo no dia a dia. Às vezes, com uma manutenção da rede de esgoto, rompia uma tubulação de água aqui, outra ali e a gente arrumava e então fui me interessando pela área. Aprendi mais foi na prática.
Saneouro: A atuação profissional de vocês acompanha a trajetória do abastecimento de água nas últimas décadas no município. Qual a principal mudança para os dias de hoje? Vocês perceberam alguma diferença nos recursos hídricos do município?
Francisco: Às vezes as pessoas falam que há muita água aqui em Ouro Preto, mas elas esquecem que a população aumenta mais a cada dia que passa. Onde tira e não repõe, a tendência é faltar um dia. Mas melhorou bastante do que era antigamente. Antes, o Morro Santana era abastecido pela Piedade. Tínhamos que ficar no reservatório, esperar a água chegar até certo nível para ligar o bombeamento e levar água para o Morro. Depois que fizemos a rede do Projeto Sorria no bairro São Cristóvão, que leva água direto para os bairros São Sebastião e Morro Santana, melhorou muito. Por isso, hoje tem água adequada no Morro.
Cláudio: Antes, nós tínhamos muitas minas e, de acordo com o crescimento da população, com o despejo irregular do esgoto, muitas minas foram desativadas e o abastecimento é principalmente pelos poços e as águas tratadas de ETA [estação de tratamento de água]. Isso deu mais segurança ao abastecimento.
Saneouro: Qual o principal desafio na questão do abastecimento de água em Ouro Preto?
Cláudio: O consumo desenfreado. Tem dia que você chega e tem água sobrando. Tem dias que falta. Então, o consumo é variado: uma vez é muito; da outra, é pouco.
Saneouro: Vocês veem muito desperdício?
Francisco: É o que mais tem. A pessoa fica lá com sua mangueirinha jorrando água na calçada e, quando a gente passa, fica olhando se vamos falar alguma coisa. É começar a fazer calor que o consumo multiplica bem mais.
Saneouro: Antigamente, aqui em Ouro Preto, o povo lavava muita roupa em bica, buscava água na lata. Por que esta diferença? É resultado de um investimento da cidade?
Francisco: Foram as melhorias que foram sendo executadas. Antes, no Córrego Seco no Morro Santana, por exemplo, faltava muita água, foi feito um lugar para o pessoal lavar roupa e sempre quando dava problema que entupia, nós íamos lá para poder desentupir para o povo poder lavar roupa.
Saneouro: Tinha mais algum local que era assim também?
Claudio: Tinha também a bomba do Baú onde o pessoal ia lavar roupa. De uns 15 anos para cá, todo mundo tem máquina de lavar. E é como o consumo de água acabou sendo dobrado. É muito difícil a gente ver as pessoas reaproveitando a água da máquina.
Saneouro: Para finalizar, o que é a água?
Francisco: A água é um bem-estar da população.
Cláudio: A água é vida, é tudo. Você sem água, não tem sobrevivência. Não se faz nada sem ela.
Fonte: Acenture Comunicação