Por Pedro Ivo Amaro Alves – Presidente eleito da Bandalheira Folclórica Ouropretana
Há mais de cinco décadas, nas ruas históricas de Ouro Preto, um grupo folclórico único em sua irreverência e alegria vem conquistando corações e fazendo história. A Bandalheira Folclórica Ouropretana, ou simplesmente Bandalheira, é uma verdadeira instituição na cidade, conhecida por suas apresentações vibrantes e marcadas por uma sátira inteligente às bandas militares e civis.
Fundada em 10 de janeiro de 1972 por Virgílio Augusto Alves, então estudante de farmácia, a Bandalheira nasceu da vontade de celebrar a cultura de forma única e divertida. Desde seu primeiro desfile, em um domingo de Carnaval, cerca de vinte membros já demonstravam a criatividade que caracterizaria o grupo ao desfilarem pelas ruas com fantasias de sua escolha. Mas foi em seu segundo desfile que o tradicional uniforme da Bandalheira foi concebido, com destaque para o penico na cabeça, simulando um capacete, e o papel higiênico no cinto.
Ao longo dos anos, a Bandalheira cresceu significativamente, passando dos vinte membros originais para mais de duzentos participantes atuais, refletindo sua abertura e diversidade ao acolher pessoas de todas as idades, profissões, classes sociais, crenças e cores. Diversidade que foi destacada na recente pintura realizada por artistas da FAOP no tapume colocado na Ponte dos Contos, homenageando a Bandalheira e fazendo uma releitura carnavalesca da obra “Operários” de Tarsila do Amaral. Ao longo de sua trajetória, a Bandalheira se tornou uma das atrações mais aguardadas do Carnaval de Ouro Preto.
Uma das características mais marcantes da Bandalheira é sua inclusividade, onde não há requisitos rígidos para participação. O maior requisito é trajar o famoso uniforme. Desde músicos profissionais a pessoas sem experiência musical, todos são bem-vindos a se juntar à festa. A Bandalheira é, muitas vezes, a única oportunidade que o cidadão comum tem de tocar um instrumento musical. Essa oportunidade de tocar um instrumento musical se destaca principalmente através da Bandalheira Mirim, que proporciona às crianças um contato precoce com a música, o que estimula o desenvolvimento e o amor pela música. Já há registros de músicos profissionais que começaram sua trajetória musical na Bandalheira.
A Bandalheira, que agora se prepara para os desfiles de seu 52° Carnaval, já iniciou suas atividades do ano de 2024 elegendo sua diretoria e realizando a tradicional apresentação no Lar São Vicente de Paulo. Um grupo reduzido, liderado por Ademir Alves, comandante e maestro do grupo, foi até a instituição no último sábado, 03 de fevereiro, para fazer a alegria dos residentes.
O hino da Bandalheira, escrito por Alcindo Alves Filho em 2002, ecoa os valores de amizade e união que permeiam o grupo: “Bandalheira componentes, somos amigos, somos irmãos. Marchamos com alegria, porque somos família. Nosso lema é a união, fantástica emoção. Bandalheira…” Com mais de meio século de história, a Bandalheira continua a encantar e unir gerações, consolidando-se como um dos tesouros culturais mais queridos e respeitados de Ouro Preto. Suas apresentações não apenas divertem, mas também celebram a diversidade e a alegria de viver, deixando um legado de felicidade e camaradagem por onde passam. Mantendo a tradição, a Bandalheira fará seus desfiles a partir das 15h no domingo e na terça-feira de Carnaval. A Bandalheira Mirim desfilará a partir das 15h da segunda-feira de Carnaval.
Foto: Marcelino de Castro