Por Rosalina Neves de Assis
O ano era 2003, fim de tarde de uma 2ª feira de abril, o vai e vem pelo centro Histórico de Ouro Preto era intenso, a maioria das pessoas retornava para casa, depois de um dia de trabalho.
Já em casa, por volta das 18:30, começo a ouvir um burburinho e uma agitação fora do comum do lado de fora da minha saudosa casinha, localizada na Rua do “Gibu” (Antônio Dias), quando o telefone toca e recebo a notícia do incêndio que estava acontecendo na Praça Tiradentes, sai imediatamente para frente de casa e olhei em direção da Praça Tiradentes, as chamas já estavam altas, como uma ilustração do Inferno de Dante, atônita com a situação, subi correndo a ladeira da Rua Conde de Bobadela, ainda com acesso liberado. Na época não havia celulares com boas câmeras, então corri para o Museu para buscar na minha sala de trabalho, a velha câmera “Mavica”, ainda utilizada com disquetes, com o objetivo de registrar o que se tornou um dos acontecimentos mais marcantes de Ouro Preto: “O incêndio do Hotel do Pilão.
A Praça Tiradentes rapidamente se encheu de espectadores, todos pareciam incrédulos diante da força e rapidez das chamas, com olhares aflitos direcionados para o fogo, ainda sem saber a causa do incêndio que se alastrava rapidamente, avançando sobre as paredes geminadas do conjunto arquitetônico. Todos aguardando ansiosamente a chegada do Corpo de Bombeiros, que segundo comentários, viria de Itabirito e de Belo Horizonte, causando ainda mais angústia à espera; quando finalmente os Bombeiros chegaram, as mangueiras foram acopladas aos hidrantes da Praça Tiradentes e para a surpresa de todos, simplesmente não havia água, a indignação foi geral! Passado algum tempo, a água finalmente chegou e os Bombeiros puderam dar início ao combate às chamas. Muitos que por ali estavam, prestaram auxílio ao corpo de bombeiros no combate ao fogo, e no espaço de poucas horas o incêndio começou a ser contido.
Outro fato marcante é lastimável, foram os saques a lojas de móveis e joalherias que funcionavam no prédio. Após a atuação dos Bombeiros, houve quem “mineirasse” no meio-fio gemas e jóias preciosas que foram arremessadas pelos jatos d’água direcionados para apagar o fogo da joalheria Amsterdan Sauer.
Foto: Acervo pessoal Rosalina Neves de Assis