Após comentar o álbum Clarone no Choro, do Sérgio Albach, na coluna da semana retrasada, hoje trataremos de outro que também me chamou a atenção: Ukulele Harmonies Live in Niterói (independente), gravado por João Tostes e Vinícius Vivas.

Primeiro, fiz contato com o Tostes e perguntei: “O que o levou a fazer do ukulele um instrumento pra chamar de seu? A afinação? A beleza do som?”. 

Ele respondeu. “O som da afinação reentrante do ukulele é encantador e, juntamente com os resultados positivos que obtive tanto nas questões educacionais quanto nas artísticas, o ukulele passou a ser meu instrumento principal (…)”.

O CD tem João Tostes (ukulele tenor) e Vinícius Vivas (ukulele tenor, ukulele barítono e ubass), mais o convidado Leandro Donato (ukulele tenor e ubass). Produção musical, executiva e direção musical couberam a João Tostes, já os arranjos são todos dele e de Vivas. 

E assim o show começa. O lindo Theatro Municipal de Niterói ferve, entusiasmado com os instrumentos que ouve. A sonoridade dos ukuleles vibra numa catarse meio mântrica que a todos incita pelo imprevisível.

Timbres e texturas saltam no ar – a gravação capta a atmosfera do palco. Uma integração absoluta é sentida a cada arpejo. A cada acorde, é como se o mundo se enchesse de opções harmônicas. E as salas (do Theatro e a minha) vibram na frequência das cordas que fluem pelas mãos dos uquelelistas. O repertório plural tem títulos originais, clássicos brasileiros, internacionais e temas marcantes do ukulele. Eis alguns.

“Maria Madalena” (João Tostes): o tema é delicado, a sonoridade é única, a empatia é imediata. Improvisos realçam a magia dos instrumentos nas mãos de Tostes e Vivas, eles que protagonizam esta e as próximas quatro músicas.

“Piano Forte” (Jake Shimabukuro): os instrumentos dialogam. Francamente solidários, demonstram afinidade musical, virtuosa e sincera. O dedilhado das cordas enseja a vibração harmônica do tema.

“Xote Sem Rumo” (Felipe Moreira e João Tostes): os instrumentistas estimulam a plateia a cantar o refrão. Ukulele e coro clarificam o congraçamento que, àquela altura, voa no ar.

“Téma Pro Bem” (Diogo Fernandes e João Tostes): o suingue molda o tema. Como experientes timoneiros, Tostes e Vivas levam a nau por mares seguros.

“Marakatuke” (Diogo Fernandes e João Tostes): o som rola ainda mais convincente. A sonoridade é única, a tessitura, esplêndida, bem como contagiante é a melodia. Os meninos sabem como fazer de seus instrumentos um porto seguro para quem os ouve tocar, o que fazem como poucos, pioneiros que são.

“She’s Leaving Home” (Lennon e MacCartney): a empatia com a plateia segue franca. Vinícius Vivas sola no seu ukulele.

Embalados pelo virtuosismo, a dupla carrega nas mãos a magia que povoa suas almas musicais. Com elas conquistam o publico e se impõem diante do mercado musical atual.

Aquiles Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós.

Ouça: