Por Kátia Maria Nunes Campos
Neste mês de maio, comemoram-se exatos cento e oitenta anos do nascimento do político e historiador Diogo de Vasconcelos, nascido em Mariana, no dia 8 de maio de 1843 e falecido em Belo Horizonte em 1927.
É difícil sintetizar a vida e a carreira política do velho Diogo, membro de uma família conhecida por sua intensa vivência política, desde o Brasil Colônia até a República Velha. Advogado de formação e profissão, ocupou um amplo leque de posições. Segundo sua biografia, publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, na Faculdade de Direito de São Paulo, fortemente influenciada pelo liberalismo, Diogo de Vasconcelos era famoso por suas atitudes reacionárias. Justiça seja feita, como advogado, era abolicionista e recusava defender causas a favor de senhores de escravos.
Sendo conservador e ultracatólico, defendeu ferrenhamente a Igreja, recebendo do Papa o título de visconde. Por outro lado, era um “pândego”, contador de piadas e anedotas picantes, sendo estimado por todos. Eram famosas as suas “pilhérias, suas frases, suas caricaturas faladas, em que espirravam no bizarro movimento de traços ligeiros, os defeitos e tics risíveis dos companheiros. Tal fala mostra a popularidade, a simpatia e a imponência de Vasconcelos.” Extremamente culto, como orador, era considerado imbatível e temido pelos adversários, que mal ousavam se contrapor a ele, na tribuna.
Na política, participou ativamente da História de Minas Gerais; nos anos de 1868 e 1870 foi Secretário de dois Presidentes da Província e foi deputado à Assembléia Geral por seis anos. Nesse período, participou dos debates sobre a questão religiosa, sempre favorável aos bispos, e, por fim, foi deputado na Assembléia Provincial de 1878 á 1885.”
Em Ouro Preto, Diogo de Vasconcelos ocupou a Presidência da Câmara, onde atuava como “Agente Executivo”, cargo similar ao de prefeito de hoje em dia. Não havia obra pública que ele não visitasse, documento que ele não lesse e comentasse e seus famosos bilhetes circulavam, com críticas e ordens sobre trabalhos malfeitos. Até as lajes colocadas nas calçadas eram examinadas e mandadas trocar, caso fosse defeituosas. O homem era o terror, mas seu amor pela cidade e pela história mineira são amplamente reconhecidos, ainda hoje.
Os moradores do distrito de Amarantina, durante o último quartel do século XIX, endereçaram uma carta comovente ao velho político, agradecendo a iniciativa e os esforços que Vasconcelos fez, para reviver a então quase extinta cavalhada, tradição marcante do distrito, ainda hoje. Enfim, suas pegadas no município ainda podem ser apreciadas, embora raramente conhecidas pelos políticos de agora.
Vai aí uma oração silenciosa e agradecida ao velho senador e parabéns pelos cento e oitenta anos de seu nascimento.