O prazo para as convenções partidárias, que definirão os candidatos a prefeito de Ouro Preto, começam amanhã, o prazo se estende até o dia 16 de setembro. Enquanto isso formulamos 10 perguntas aos pré-candidatos. Por ordem alfabética é a vez de Caio Bueno.

1- A pandemia evidenciou a dependência de diversos setores econômicos pela população flutuante, sejam estudantes ou turistas. Como fomentar a economia pós-pandemia?

Caio Bueno – Certamente a economia local depende muito dos estudantes e turistas, pois Ouro Preto é uma cidade universitária desde o século 19, com a criação das Escolas de Minas e Farmácia, e é um dos principais destinos turísticos do país.

Com o fim da pandemia, essas populações flutuantes tendem a voltar, reconstituindo completamente a injeção de recursos do período pré-pandemia.

Entretanto esse não é o maior de nossos problemas. A economia já ia mal. Um indicador dessa tese são os 15.000 desempregados no município.

O que temos que fazer é implantar uma política de geração de emprego e renda em Ouro Preto. A cidade não teve esse foco nos últimos 40 anos. Pelo contrário, há 40 anos tínhamos a Alcan, que chegou a empregar quase 3000 ouro-pretanos, tínhamos a fábrica de tecidos, a fábrica de cabos, a ferro ligas e outras empresas que foram praticamente fechadas nesse período. Além disso, não procuramos desenvolver economicamente nem os setores da educação e turismo.

Quase tudo que vendemos nas nossas lojas não são fabricados aqui. Podemos, por exemplo, qualificar os nossos trabalhadores para atuarem nos setores de fabricação de móveis, como ocorreu em Tiradentes e região, para atuarem na tecelagem, como é feito em Rezende Costa. Aliado a isso, criar um programa de indução de formação de empresas no município, gerando emprego e renda. 

Na educação, devemos seguir o exemplo de Viçosa, que além da Universidade Federal, tem várias universidades e faculdades particulares.

Na nossa proposta de governo tem ainda a criação de distritos industriais e pólos de inovação tecnológica, para trazer indústrias para o município ou para criá-las a partir dos pólos de inovação. 

2- A Santa Casa é a referência regional para a Covid. A Ufop realiza testes RT- PCR. A Saúde pode ser uma alavanca para o desenvolvimento econômico da cidade?

Caio Bueno – Pela falta de leitos de UTI em Itabirito e Mariana, a Santa Casa está atendendo os pacientes dessas cidades irmãs, mas estamos longe de transformar o nosso sistema de saúde em embrião de desenvolvimento econômico. A UFOP é uma Instituição Pública e a Santa Casa, apesar de privada, sobrevive com recursos da prefeitura e do SUS.

3- Quais são as diretrizes de seu plano de Governo? Destaque a Saúde, Educação e a geração de emprego e renda.

Caio Bueno – O nosso plano de governo está fundamentado em Planejamento e Gestão. Temos que fazer uma revolução na educação do município. Gastamos 80, 90 milhões por ano em educação e, no final de 9 anos, apenas 15% de nossos alunos da rede municipal conseguem dominar os fundamentos básicos da matemática. Apenas 30% conseguem ler e interpretar um texto simples. Nós temos que implantar um sistema de ensino com articulação entre todas as séries do ciclo em escolas de tempo integral, com qualificação e valorização dos professores, num modelo de ensino baseado em estratégias, metas e objetivos. 

O planejamento e gestão na saúde é fundamental. Já chegamos a gastar até 30% do orçamento com saúde, cerca de 10 milhões de reais por mês. Entretanto falta medicação no posto médico, um exame laboratorial demora 2, 3, 4 anos para ser autorizado. Por que isso acontece com tanto recurso disponibilizado? Porque falta planejamento. Por exemplo, muita gente vai na UPA desnecessariamente estrangulando o sistema. Pois serão atendidos por médicos que poderiam estar atendendo quem realmente precisa. Farão exames, estourando a cota da prefeitura, deixando quem realmente precisa esperando anos a fio para realizar uma tomografia ou um exame mais elementar.

Por isso temos que investir na Atenção Básica, no PSF, na triagem que direcione para a UPA ou para a Santa Casa ou para os especialistas ou para os laboratórios somente quem realmente necessita. Poderíamos implantar até a telemedicina como ferramenta para contribuir nesse processo de triagem. Isso fará com que a ponta do sistema atenda melhor a todos os ouro-pretanos.

Enfim, temos que planejar e fazer gestão de todas as ações da prefeitura. Na educação, saúde, geração de emprego e renda, mobilidade urbana, desenvolvimento social e etc.

4- A pandemia reduzirá o contato dos candidatos com os eleitores, ser conhecido pode ser uma vantagem? Qual é sua opinião sobre esse pleito? Conhecer os concorrentes é uma vantagem neste pleito?
Caio Bueno – Essa eleição, apesar das restrições da campanha, devido à pandemia, com uma ou duas exceções, coloca todo mundo em pé de igualdade, pois os candidatos são conhecidos do eleitor. Tem dois que há quarenta anos disputam eleições em Ouro Preto. Outro é o prefeito atual. Eu disputei a última eleição e tive mais de 15000 votos. Tem o Gleizer Boroni que sempre disputa eleição de vereador, prefeito ou deputado. E, além disso, a rede social vai facilitar muito o contato com o eleitor.

5- O Solidariedade pretende governar diversas prefeituras a partir de 2021.  Sua chegada ao partido fortaleceu a posição dos que buscam mudança do cenário político local. Concorrer com os candidatos que já ocuparam o paço municipal é uma tarefa difícil? Ou a eleição passada lhe capacitou para enfrentar o próximo pleito?

Caio Bueno – O meu partido, o Solidariedade, escolheu Ouro Preto como uma das cidades prioritárias para as eleições majoritárias. Isso fortalece a minha candidatura pela estrutura que será disponibilizada para a campanha.

Quanto a concorrer contra adversários que já tiveram várias oportunidades de administrar bem Ouro Preto, isso não torna a minha tarefa mais difícil.

Existe um processo crescente no eleitorado de Ouro Preto pedindo a mudança. Precisamos romper com a mesmice dos últimos 40 anos. Na eleição de 2012, o Dr. Dimas, que cristalizava esse sentimento, teve 11000 votos, e eu, na eleição passada, alcancei 15016 votos.

As pesquisas internas dos partidos, para a eleição deste ano, apontam que a maioria dos eleitores querem essa mudança. Portanto a minha candidatura é muito competitiva.

6 – Quando será as convenções de seu partido? Quantas legendas podem estar reunidas em torno de seu nome?

Caio Bueno – A convenção do Solidariedade está marcada para 11 de setembro e provavelmente faremos coligações com dois partidos.

7 – O Projeto de construção do aeroporto, em Glaura foi anunciado como alternativa para a diversificação econômica. Ele ainda é viável?

Caio Bueno – O aeroporto em Glaura seria um equipamento importante para o desenvolvimento econômico de Ouro Preto. Eu acho que faltou empenho efetivo dos ex-prefeitos. Agora a possibilidade está mais distante, pois era um projeto do governo Dilma e hoje não está mais em pauta.

8 – O retorno da Samarco é uma expectativa positiva para a arrecadação do Município. Mas até que isso ocorra como conciliar as receitas correntes e as obrigações do município?

Caio Bueno – A Samarco representava de 3 a 4 milhões na arrecadação da Prefeitura de Ouro Preto. No início do atual governo, a arrecadação era de 20 milhões e hoje cerca de 30 milhões. Portanto, a importância do retorno da Samarco é muito mais importante para diminuir o número de desempregados no município do que para acertar a contabilidade da prefeitura.

Nós vamos conciliar receita com despesa fazendo uma revisão nos gastos com coleta de lixo, limpeza urbana, cooperativa de transportes, cargos de confiança e outros ralos do dinheiro do contribuinte ouro-pretano.

9 – Com ampla área territorial, 12 distritos e mais 50 localidades, quais são os objetivos para levar os serviços públicos e desenvolvimento econômico aos moradores das áreas rurais?

Caio Bueno – Vamos desenvolver um grande programa de desenvolvimento econômico e social, para atender tanto a sede quanto os distritos, na medida do possível, pois a demanda é muito maior do que orçamento de 4 anos, e essas questões serão tratadas, obviamente.

10 – Qual é o diferencial da pré-candidatura de Caio Bueno? Há alguma possibilidade de abrir mão da candidatura em favor de outro candidato?

Caio Bueno – Eu acho que o nosso diferencial está na experiência administrativa e por representar a mudança na forma de gerir o município.

Quanto à desistência da candidatura, não está nos nossos planos. O projeto do Solidariedade é vencer as eleições. Quem pode desistir da gente é o eleitor. Vamos firme em frente, pois acreditamos que Ouro Preto tem jeito.

Por Marcelino de Castro
Foto: Vista da praça Tiradentes pelo Mirante da UFOP/ Credito:Marcelino de Castro