Ouro Preto – Todos acompanharam a peleja na Justiça Federal para liberação da Praça Tiradentes para o Carnaval, um processo que iniciou com a montagem da estrutura da gravação do DVD do cantor Dilsinho, o projeto era o “Diferentão 2”.
Apesar de todo o empenho do Ministério Público Federal em busca da preservação do patrimônio, nenhuma Ação Civil Pública ou recomendação foi feita para que a Prefeitura e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional agilizem a aprovação do projeto da rede de alta pressão e o implemente, o que é fundamental para o combate aos incêndios.
Domingo que vem o governador Romeu Zema Neto estará na praça Tiradentes. Ele preside as solenidades em memória ao mártir da Conjuração Mineira, Joaquim José da Silva Xavier. Hoje, 14 de abril, devemos relembrar outro momento da praça Tiradentes, os 21 anos do incêndio do Hotel do Pilão.
“Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil!” Até que isso acontecesse, muitas lágrimas e muitas dores foram sofridas desde o tempo de colônia até a sonhada República, para que em 1988 houvesse a promulgação da 7ª Constituição brasileira, da “nova República”, que tem no parágrafo único do artigo 1º, a síntese da democracia: “Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Assim este ano o povo vai manifestar seu poder indicando aqueles que querem que governem.
Celebrar a memória de Tiradentes é lembrar que houve um movimento político organizado, que se não tivesse sido desbaratado poderia garantir ao Brasil um lugar de país de primeiro mundo, pois o movimento tinha contatos com os revolucionários franceses e estadunidenses. O Movimento mineiro, ao qual prefiro referir como “Conjuração Mineira”, acho um desprestígio aos conjurados serem considerados “inconfidentes”, já que a delação do movimento coube ao Silvério dos Reis. E o Alferes Joaquim José da Silva Xavier estava articulando apoio quando foi preso no Rio de Janeiro, foi preso como conjurado, não como delator.
Ano passado com a presença da Ministra do STF, Cármen Lúcia, simbolicamente foi sepultada a primeira mulher no panteão dos conjurados, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo. Este ano, segundo informações do Museu da Inconfidência, será a vez de Bárbara Heliodora, esposa de Alvarenga Peixoto, ser reconhecida participante do movimento, que recebeu a alcunha de Inconfidência Mineira.
A história do Brasil passa por Ouro Preto e, lamentavelmente, o Estado e a União não dão o merecido zelo que a Villa Rica merece receber, até como contrapartida, ou como reparação pelos impactos do ciclo do Ouro! A cidade é praticamente toda tombada em nível federal, e mesmo tendo seu patrimônio abrindo os livros de tombo do IPHAN, a cidade não conta com um sistema de alta pressão.
Ouro Preto é a cidade palaciana, monumental, que do alto do morro de Santa Quitéria (praça Tiradentes) governava as Minas Geraes! Como essa cidade tão importante para esta unidade federativa, não tem os melhores equipamentos de combate a incêndio em monumentos com diversas obras de arte?
Como deixar desassistidas de hidrantes jóias do barroco mineiro como a capela do Padre Faria, a igreja de Santa Efigênia e a reaberta Matriz da Conceição?
Como deixar um conjunto de casas geminadas, verdadeiros apartamentos do século XVIII, sem rede de hidrantes que possa debelar algum sinistro, antes que ele se espalhe para os imóveis vizinhos?
No próximo domingo, 21/04, teremos as atenções do estado e do país voltadas para a Praça Tiradentes. Um bom momento para lembrarmos aos políticos que mesmo que seja uma obra que ficará “invisível” após sua conclusão e que por isso, talvez não gere votos, é fundamental para a salvaguarda do Patrimônio Cultural da Humanidade.
Histórico do Incêndio do Pilão
No dia 14 de abril de 2003, o relógio do Museu soava às 6 badaladas, as chamas já eram vistas da janela e os bombeiros tentavam debelar o fogo. Assim começou um dos episódios da história de Ouro Preto, cenas que deixaram a praça mutilada, com as ruínas fumegando por muitos e muitos dias, mesmo depois do rescaldo dos escombros.
O incêndio reuniu na praça Tiradentes uma multidão atordoada e incrédula na altura das labaredas, enquanto se esperava que chegasse o socorro do caminhão Pipa vindo de Mariana, com o prefeito Celso Cota na boleia, foi aclamado como um rei, mas ainda era água em quantidade insuficiente.
Naquele 14 de abril, o Brasil parou para ver Ouro Preto em uma cena triste, a praça com as luzes cortadas, iluminada apenas com a labareda que estava uns 20 metros acima do topo da estátua de Tiradentes. No dia seguinte todos os jornais traziam na capa o fato. Mas em Ouro Preto, o incêndio não foi capa do jornal. Naquele dia nascia o Diário de Ouro Preto, que teve seu projeto implantado no dia 8 de julho de 2004.
E a Câmara de Ouro Preto?
Na coluna de hoje não poderíamos deixar de falar dos embates de Júlio Gori e Vantuir, com seus pedidos de vista. Júlio Gori pediu vistas ao projeto de resolução do título de Cidadania honorária da secretaria de Educação Débora Etrusco, o que deixou Vantuir Silva furioso e pediu vistas de todos os projetos de resolução da casa, afetando os colegas que não tinham nada haver com a história. o presidente da Casa, confirmou a retirada de pauta para as Vistas. Zé do Binga pediu que os dois ponderasse, para não prejudicar o calendário da Câmara.
Por Marcelino de Castro
Fotos: Marcelino de Castro/diário de Ouro Preto
A coluna Tiquinho de Política é publicada aos domingos em diariodeouropreto.com.br