Mariana –  A Vale informou que as atividades paralisadas no complexo Mariana, pela interdição da Superintendência Regional do Trabalho (SRT) se referem apenas às proximidades da estrutura da barragem de Xingu, na mina de Alegria e que as demais atividades das minas e do descomissionamento da barragem de Doutor estão operando.

Segundo a empresa, a área está evacuada e não está sob risco de ruptura. O impacto da interdição será no escoamento da produção de Timbopeba e algumas atividades internas da mina de Alegria, pois o trecho da estrada férrea Vitória Minas passa na localidade interditada. 

O prefeito interino de Mariana, Juliano Duarte, veiculou a informação em sua rede social dizendo que procurará a gerência da empresa para uma reunião, pois acredita que haverá impacto nos cofres públicos e no comércio. A reportagem entrou em contato com a assessoria de Imprensa da Prefeitura de Mariana em busca de um posicionamento oficial, ainda aguardamos retorno. 

A Seguir a Nota da Vale sobre a interdição:

Paralisação de atividades no Complexo de Mariana  
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“A Vale informa que paralisou a circulação de trens no Ramal Fábrica Nova, da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), localizado no Complexo Mariana, em atendimento à notificação da Superintendência Regional do Trabalho de interdição das atividades em áreas próximas à barragem Xingu, da Mina Alegria. 

A medida impedirá o escoamento do material produzido na Usina Timbopeba durante a interdição e, por consequência, levará à paralisação temporária da produção nesta unidade, com impacto estimado em 33 mil toneladas de finos de minério de ferro por dia. Adicionalmente, foram interditados alguns de acessos internos da Mina Alegria, com impactos parciais na produção da usina estimados em 7.5 mil toneladas de finos de minério de ferro por dia. 

A Vale está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades o mais breve possível, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas. 

Ressaltamos que a Barragem Xingu permanece em nível 02 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), em que não há risco iminente de ruptura, seguindo inalteradas as condições de segurança da estrutura. A barragem Xingu é monitorada e inspecionada diariamente por equipe técnica especializada e está incluída no plano de descaracterização de barragens da empresa. A Zona de Autossalvamento (ZAS) da Barragem Xingu permanece evacuada, não havendo a presença permanente de pessoas na área.”

O Prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, também foi procurado por nossa reportagem. Ele afirmou que a Vale comunicou ainda pela manhã a interdição ocorrida no ramal ferroviário. Explicou que ainda não é possível mensurar os impactos sobre a receita municipal, mas que “todas as medidas relacionadas com segurança são bem vindas. Espero que a Vale equacione rapidamente os pontos questionados e volte a transportar nosso minério de acordo com as normativas do setor”, concluiu Angelo Oswaldo.

De acordo com reportagem da Agência Brasil, o Ministério da Economia informou em nota que a interdição foi determinada para verificação do risco de rompimentos na Mina Alegria. “Após a análise documental e inspeção in loco, realizada no dia 20 de maio, foi constatado que a barragem Xingu não apresenta condições de estabilidade, com alguns fatores de segurança para situações não drenadas inferiores a 1,0″, diz a pasta.

A Vale chegou a solicitar autorização para que fossem mantidas as atividades que utilizassem o acesso interno para trânsito de veículos e para circulação de trens no trecho da EFVM que se encontra na zona de autossalvamento. Os documentos que a mineradora apresentou, no entanto, não foram suficientes para comprovar a eliminação do risco de ruptura, o que coloca em dúvida a segurança do acesso de trabalhadores. “É permitida a utilização de locomotiva autônoma na zona de autossalvamento, sem a presença de trabalhadores, essa solução já é adotada pela empresa em outras barragens interditadas”, acrescenta o Ministério da Economia.

Matéria atualizada às 21h05 com o retorno à nossa reportagem pelo prefeito de Ouro Preto e a posição do Ministério da Economia, via material da Agência Brasil
Por Marcelino de Castro
Da Redação