Ouro Preto,16 de julho de 2021. Há 301 anos atrás milhares de vidas eram queimadas pelo Conde de Assumar, na cega ganância por ouro. O arraial do Ouro Podre se tornava então o Morro da Queimada, e as pessoas que ali viraram cinzas, por muito tempo a História apagou. Não mais. Na data de hoje, expressamos nosso respeito à memória dos Negros e Indígenas que morreram sufocados pela fumaça da Ganância em 16 de julho de 1720, registrada pela história oficial como “Revolta de Filipe dos Santos”.
Pesquisas recentes revelam, inclusive ,que o levante teve participação e comando de uma mulher negra africana, citada nos documentos como Francisca Mina, companheira de Filipe dos Santos.
E não por acaso, cerca de uma década depois do ocorrido, quando conseguiram recursos suficientes para erigirem seu próprio Templo, os Pretos da Irmandade de N.Sra do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz o fizeram em terreno bem defronte ao arraial incendiado. Sabiamente demonstraram respeito e reverência aos que tinham partido de maneira tão trágica.
Ainda hoje são cantados versos pelos grupos Congado e Moçambique mas festas de Santa Efigênia que dizem: “Acode, acode Efigênia, o “convento” pegou fogo, vai queimar é muita gente”… a sabedoria desse nosso povo foi demais! Santa Efigênia vela diariamente, pelos que se foram no Morro da Queimada. Nossas memórias ancestrais seguem vivas.
“O conde jurou no Carmo não fazer mal a ninguém, Vede agora pelo Morro, que palavra o conde tem! Casas, muros, gente aflita no fogo ralando vem.” Trecho do livro Romance V ou da destruição do Ouro Podre, in: Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
Por: Sidnéa Santos, Preta de Ouro Preto.Atriz Historiadora e Pesquisadora
Foto: Vista Parcial do Morro da Queimada. Créditos: Flávio Alexandre Ferreira
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