Belo Horizonte – Atender às medidas de contenção recomendadas pelas autoridades de saúde e estabelecer união irrestrita de forças – dos três poderes, nas esferas federal, estadual e municipal – para conter o avanço do coronavírus no País. Essa visão permeou pronunciamentos da maioria dos deputados presentes à reunião on-line do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quarta-feira (25/3/20).
Na reunião, na qual foi aprovado por unanimidade o Projeto de Resolução (PRE) 20/20, que reconhece estado de calamidade em razão da propagação da Covid-19, quase todos os parlamentares fizeram declaração de voto, nas quais ressaltaram o valoroso trabalho prestado pelos profissionais da área de saúde.
Também não faltaram agradecimentos aos produtores rurais, caminhoneiros e trabalhadores das forças de Segurança Pública, entre outros profissionais.
“Declaro meu voto sim, muito preocupado em coordenar todas as ações no sentido de preservar a vida de todos, inclusive daqueles que estão trabalhando por nós. Aí tem um aspecto todo especial o pessoal da segurança, da saúde e da agropecuária”, ressaltou o presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, deputado Coronel Henrique (PSL).
Os pronunciamentos ainda destacaram os riscos socioeconômicos da pandemia, assim como o impacto sobre a população mais vulnerável, como moradores em situação de rua, microempresários e trabalhadores informais.
Nesse sentido, houve apelo para que a ALMG acelere a votação de matérias que favoreçam essa parcela da sociedade, como a proposição que estabelece o Fundo de Erradicação da Miséria.Saiba mais
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Impactos econômicos – Também foi abordada a possibilidade de o confinamento causar um colapso na economia do Brasil e de Minas, levando muitas famílias a situações miseráveis. Muitos dos parlamentares que falaram sobre o assunto, destacaram a necessidade de a ALMG também apresentar e votar medidas que ajudem a reduzir esse tipo de dano.
“Nas próximas reuniões, votaremos matérias também importantes, complementares, sempre com a preocupação do impacto na saúde pública, mas também o econômico e social para a população de Minas e do Brasil. É importante que o Fundo de Erradicação da Miséria seja estritamente utilizado para este momento tão delicado que estamos passando”, ponderou o líder do Bloco Democracia e Luta, deputado André Quintão (PT).
“Precisamos de equilíbrio, temos que buscar um caminho, trabalhar em duas frentes para conciliar a prevenção, adotando todos os cuidados possíveis para evitar a contaminação, mas ao mesmo tempo pensando no emprego, nos pais de família, num colapso de nossa economia, pois suas consequências serão devastadoras”, avaliou Sargento Rodrigues (PTB).
Ainda houve declarações abordando o conteúdo do texto aprovado, assim como cobranças de que o governador Romeu Zema (Novo) apresente um plano de ações para conter a pandemia no Estado.
Também foram feitas reivindicações de hospitais de campanha em diversas regiões do Estado ainda não contempladas nas propostas do governo, assim como solicitações de empenho para suprir os hospitais e órgãos de saúde pública, sobretudo no interior.
O deputado Thiago Cota,que levanta a bandeira da saúde desde o primeiro mandato e, mais vez, defendeu essa causa em plenário. Como relator, o parlamentar foi ferrenho na defesa de recursos para a população e conseguiu o apoio dos pares. Até 31 de dezembro, Minas Gerais está em situação de calamidade pública.
“A aprovação desse projeto é de grande valia para a população e por isso coloquei esforços para que ele fosse aprovado. Neste momento, é primordial valorizar a saúde e essa será a minha bandeira”, frisa o deputado Thiago Cota. Com o respaldo da ALMG, a compra de insumos básicos para combater a doença e a contratação de profissionais da saúde acontecerá em um processo mais simples e eficiente.
Homenagem
Há um mês dos primeiros registros de infecção no Brasil, Minas Gerais já registra mais de 14 mil casos suspeitos de coronavírus e outros 133 já foram confirmados pela Secretaria Estadual de Saúde. Postos e hospitais não param de receber pacientes. É por isso, que em plenário, o parlamentar ainda homenageou médicos e enfermeiros que não tem medido esforços para salvar vidas. “Merecem todo o nosso aplauso e gratidão, são inúmeros exemplos de profissionais que têm se dedicado muito”, concluiu Thiago Cota.
Parlamentares repercutem pronunciamento do presidente
Destaque, ainda, para o pronunciamento feito pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, na noite dessa terça (24), no qual ele criticou medidas de confinamento impostas nos Estados, disse que o País precisa “retomar a rotina” e voltou a chamar a Covid-19 de “gripezinha”.
Bolsonaro defendeu o chamado “isolamento vertical”, que propõe manter em isolamento apenas aqueles que forem do grupo de risco – como idosos e doentes crônicos – e que os demais circulem livremente. Combinação que, segundo os órgãos de saúde, favoreceria a proliferação do vírus, uma vez que os não-confinados teriam contato com os isolados.
Os deputados da oposição, e alguns de outros blocos, criticaram o posicionamento, ressaltando que as medidas de contenção têm sido aplicadas em todos os países vitimados pela pandemia, além de serem indicadas por todas as autoridades de saúde. Houve, inclusive, parlamentares que declaram ser favoráveis a Bolsonaro, mas contrários ao que ele expressou neste caso.
“Se não fosse grave, nós não estaríamos fazendo essa votação remota. Não é uma gripezinha. A contaminação está ascendente. Então, é uma irresponsabilidade, é uma postura mesmo genocida o que o presidente da República fez em seu pronunciamento”, criticou a deputada Betriz Cerqueira (PT).
“O falido pode se recuperar, o falecido não” citou Delegado Heli Grilo (PSL), ao avaliar que o mais importante, agora, é salvar vidas.
“Bolsonaro tem o meu apoio, mas acho que a declaração dele vem na contramão de tudo o que vem sendo pregado. Trata-se de uma doença cujo grande risco é a escalada exponencial. Então, um dia faz muita diferença”, disse o deputado Bartô (Novo).
Em contrapartida, os deputados Coronel Sandro e Bruno Engler (ambos do PSL) elogiaram a postura do presidente e sua crítica a medidas de contenção aplicadas por governadores e prefeitos.
“O presidente Jair Bolsonaro defende, sim, o isolamento vertical de idosos e de pessoas com doenças, a população de risco. Mas nós precisamos manter o País funcionando. Eu fico muito feliz que tenhamos, neste momento, um verdadeiro líder na figura do presidente”, declarou Bruno Engler.
“Ainda bem que, na maior crise da nossa geração, temos um líder que tem coragem de tomar a melhor decisão e que não está preocupado com a questão eleitoral. A opção pelo isolamento vertical é uma necessidade. Se não fizermos isso, mataremos as pessoas e mataremos a economia”, afirmou Coronel Sandro.
Além dos parlamentares já citados, também fizeram declarações de votos as deputadas Ana Paula Siqueira (Rede), Andréia de Jesus (Psol), Laura Serrano (Novo), Leninha e Marília Campos (ambas do PT).
E ainda os deputados Alencar da Silveira júnior (PDT), Antonio Carlos Arantes (PSDB), Arlen Santiago (PTB), Betão (PT), Bosco (Avante), Carlos Henrique (Republicanos), Carlos Pimenta (PDT), Celinho Sintrocel (PCdoB), Cristiano Silveira (PT), Doutor Jean Freire (PT), Doutor Paulo (Patri), Duarte Bechir (PSD), Elismar Prado (Pros), Gil Pereira (PP), Glaycon Franco (PV), Guilherme da Cunha (Novo), Gustavo Santana (PL), Hely Tarqüínio (PV), Léo Portela (PL), Noraldino Júnior (PSC), Professor Irineu (PSL), Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), Raul Belém (PSC), Tadeu Martins Leite (MDB), Thiago Cota (MDB), Ulysses Gomes (PT), Virgílio Guimarães (PT) e Zé Reis (PSD).
Fonte: Assessoria de Imprensa ALMG
Fotógrafo: Guilherme Bergamini