Manifestantes fecharam trecho da BR-356 por volta das 12h. Participaram: Ufop. APAOP, Inst. Guaycui, Associação de Moradores do Botafogo
Ouro Preto – A mineração da localidade de Botafogo foi alvo de protestos, no sábado dia 22/03, quando se comemora o dia Mundial da água. Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto (APAOP) é uma das entidades que organizou o evento.
Segundo Marilda Dionísio, que presidente da APAOP, “a mobilização do dia 22, contou com a ajuda de arqueólogos, estudiosos e de técnicos. Pessoas completamente capacitadas, para poder estar ali naquele lugar, ocupando lugar de forma de fala. Não é só o movimento popular, é um movimento unificado das instituições acadêmicas como a população. Existe um alinhamento neste contexto de trabalho. A gente quer e exige que sejamos respeitados dentro da nossa luta do nosso território”, explicou.
A Sociedade Brasileira de Espeleologia apresentou denúncia formal aos órgãos competentes alegando que: “Entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado, nos dias 22 e 23 de março de 2025, a referida empresa realizou o soterramento de uma cavidade natural subterrânea, sem autorização das autoridades competentes.
Trata-se de cavidade natural subterrânea visível e facilmente identificável. A cavidade consta em um Relatório de Arqueologia do empreendimento e está registrada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Contudo, o empreendedor omitiu a existência da cavidade no Relatório Espeleológico apresentado durante o processo de licenciamento ambiental.
Assim sendo, não houve estudos espeleológicos na caverna e não foi dada qualquer autorização para sua supressão.”
Segundo a denúncia: “Em 22 de março de 2025, a destruição foi confirmada por novos registros de drone, durante uma manifestação organizada pela comunidade local, com apoio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Instituto Guaicuy, Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto e outras entidades ambientalistas.”
A denúncia é assinada por Elizandra Goldoni Gomig, Presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), que concluiu sua argumentação dizendo que: “O soterramento da gruta em Ouro Preto representa uma afronta à legislação ambiental brasileira, além de provocar danos irreparáveis ao patrimônio natural e cultural da região. A Sociedade Brasileira de Espeleologia entende que a omissão de informações, aliada à falta de fiscalização adequada, não pode ser tolerada. É imperativo que este caso seja tratado com a seriedade e a urgência que merece, a fim de assegurar a responsabilização dos envolvidos e a proteção do meio ambiente para as futuras gerações.”
A entidade requer dos órgão competentes adotem providências dentre as quais:
“1) Abertura imediata de investigação criminal e administrativa contra a empresa Patrimônio Mineração Ltda. e o grupo L.C. Participações e Consultoria Ltda.; 2)Suspensão de todas as atividades da mineradora na área afetada até a conclusão da perícia técnica; 3) Aplicação das sanções previstas na legislação ambiental, incluindo medidas reparatórias e compensatórias pelos danos causados; 4) Revisão do processo de licenciamento ambiental da empresa, com reavaliação dos estudos espeleológicos e arqueológicos envolvidos; 5) Garantia de proteção e preservação de outras cavidades e patrimônios naturais da região.”
Por Marcelino Castro
Foto: Lui Pereira/Agência Primaz
