Na terça-feira, 15 de março, aconteceu a retomada do “Câmara Itinerante”, uma realização da Câmara Municipal de Ouro Preto, um programa que, além de promover atividades sociais nos distritos e bairros de Ouro Preto, oferece os serviços do CAC – Centro de Atendimento ao Cidadão. No “Câmara Itinerante”, a população aproveita para resolver uma série de demandas sem precisar se deslocar até a sede. Na retomada da iniciativa, que ficou parada durante o período pandêmico, a primeira edição de 2022, o projeto aconteceu na Escola Municipal Aleijadinho, no distrito de Santo Antônio do Salto. Na ocasião, a comunidade aproveitou a presença das autoridades municipais, vereadores, para encaminhar uma série de demandas urgentes, muitas delas relacionadas à própria escola que sediou o evento.

Dentre os problemas apresentados, a dificuldade de acesso  e a falta de transporte é, sem dúvida, o que tem gerado mais transtorno aos moradores do distrito, que estão praticamente isolados desde o mês de janeiro, quando as chuvas inviabilizaram o uso da estrada principal. Os servidores da Escola Municipal Aleijadinho relataram que alguns professores levam até duas horas para chegar ao distrito e, eventualmente, suas aulas precisam ser canceladas. Sobre o contrato firmado pela Prefeitura com a Cooperativa de Transporte, foi relatado que, desde 2016, esta não oferece um serviço adequado e é comum os carros enviados para atendimento da população do Salto quebrarem no caminho.

CONDIÇÕES PRECÁRIAS NO AMBIENTE ESCOLAR

Segundo relato encaminhado pelos servidores à Câmara, na Escola Municipal Aleijadinho, do Salto, os alunos estão sem aulas de matemática e inglês há um mês. Duas salas precisaram ser interditadas por problemas no telhado, o que obrigou a direção a reunir em um só ambiente a biblioteca, o laboratório e a sala dos professores. O espaço infantil também necessita de adequações urgentes, pois falta mobiliário, e o parquinho onde as crianças brincam está todo enferrujado. Os vidros da escola estão quebrados, não há condições de higiene adequadas nos banheiros, nem local próprio para armazenar alimentos. A situação da segurança também é preocupante, a escola está vulnerável, não há fechadoras nas salas e as telas ao redor do prédio estão todas perfuradas. No dia a dia, é comum ainda os funcionários arcarem com custos que deveriam ser da Prefeitura, como fotocópias, por exemplo. Atualmente, são os professores que custeiam o aluguel de uma máquina de reprodução heliográfica. Além disso, o cardápio indicado para a merenda se tornou impraticável, já que a verba destinada para alimentação dos alunos ainda não foi repassada pela Prefeitura. 

PREFEITURA ESTÁ CIENTE

O secretário Municipal de Educação Renato Zoroastro afirma que já havia recebido essas demandas referentes à comunidade escolar do Salto. Sobre o transporte, ele reconhece que há dificuldade de contratação, pois, com o surto do COVID-19 e a paralisação das aulas, “muita gente que trabalhava com transporte precisou vender seus veículos, alguns até mudaram de profissão, e essa dificuldade ocorre hoje de uma maneira geral, não apenas no caso específico do Salto”. Quanto às reformas solicitadas, Renato afirma que “faz muito tempo que ela não sofre nenhum tipo de intervenção, infelizmente”, mas garante a Escola “já foi incluída no cronograma de reformas”. Zoroastro, que assumiu a Pasta da Educação no início do ano, relata que encontrou um cenário de 17 escolas da rede impossibilitadas de atender os alunos e todas elas, assim como a Escola do Salto “estão no escopo do nosso projeto de reformas”.

Sobre as demais demandas da comunidade escolar apontadas no Câmara Itinerante, Renato afirma que todas serão contempladas na reforma que “iremos realizar brevemente, e a gente quer que tudo esteja pronto até o mês de outubro, quando a Escola Aleijadinho irá comemorar 70 anos”. Ele informou ainda que a Secretaria de Educação está planejando adquirir equipamentos de fotocópias para todas as unidades escolares da rede municipal, e a Superintendência de Administração e Suprimentos da Prefeitura efetuará a compra de equipamentos para a Educação Infantil: “ A gente sabe que há muito tempo que não se faz um investimento desses nas escolas, nosso plano é trocar todo o mobiliário, o que inclui carteiras, cadeiras, equipamentos de cozinha e demais utensílios. Isso já está sendo providenciado”, promete o secretário.

IMPORTÂNCIA DA VISITA DOS VEREADORES

O presidente da Câmara de Ouro Preto, o vereador Luiz Gonzaga, destacou que o Câmara Itinerante, além de facilitar a vida das comunidades por meio dos serviços que o programa oferece, cumpre a importante função de receber as solicitações de cada local, o que proporciona aos legisladores oportunidade de testemunhar as necessidades urgentes do povo: “O projeto funciona da mesma forma que a Casa Legislativa, só que os vereadores podem enxergar as demandas no próprio lugar, e ao serem trazidas, elas são encaminhadas para as mãos do Executivo”, explica o presidente. Sobre os problemas de acessibilidade ao Salto, o próprio vereador, que visitou o distrito, atesta que as condições da estrada estão realmente inviáveis: “Os problemas começam aqui em Saramenha, e a estrada vai ficando pior, perigosa, com várias barreiras que caíram”. Ele relata que, em alguns trechos, “não conseguiram limpar tudo, só dá pra passar um carro por vez e todos esses problemas devem demorar ainda para serem resolvidos”. Gonzaga revela que há recursos provenientes de um acordo com a Vale, 3 milhões de reais para reconstrução da rodovia, “mas a minha dúvida, que é também a preocupação da Casa Legislativa, é que nem estrada tem mais”, disse o presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto.

Foto destaque: ESCOLA MUNICIPAL ALEIJADINHO, DO SALTO – Desde 2010, todos os serviços de manutenção foram realizados com trabalho voluntário dos moradores e ajuda de empresas privadas

Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto