Conhecer um outro país, ampliar o conhecimento sobre outra cultura, aprender um novo idioma, conquistar autonomia por vivenciar experiências distintas. Talvez essas sejam as expectativas dos jovens que almejam participar de um intercâmbio estudantil. Aliado a isso, soma-se o fato do intercâmbio ser totalmente gratuito e planejado pela Fundação Helena Antipoff (FHA), situada em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), vinculada à Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG)

Essa satisfação é compartilhada por Julia Marques, 18 anos, da Escola Estadual Sandoval Soares de Azevedo, que, em outubro de 2021, embarcou para cursar um ano extra do ensino médio em Riva Del Garda, na Itália. Ela participa do projeto ‘Cidadão Global: de Minas para o Mundo’, oferecido pela FHA. Essa é a primeira instituição pública do Estado de Minas Gerais a oferecer aos estudantes da Educação Básica o intercâmbio estudantil entre países.

“É uma experiência incrível. Em quatro meses alcancei fluência no idioma, coisa que em nove meses no Brasil, estudando, eu não tinha conseguido sair do básico. Quando estamos inseridos no país é muito mais fácil o aprendizado de uma outra língua”, conta Julia, que retornará ao Brasil em julho deste ano. Ela se sente realizada pela iniciativa. “Seria impossível para mim realizar um intercâmbio sem essa ajuda, minha família não teria condições de arcar com os custos”, ressalta.

Para o segundo semestre de 2022, a Fundação Helena Antipoff pretende selecionar dez intercambistas para ir ao exterior, além de receber uma estudante francesa e uma alemã. Há uma lista com 15 países que poderão ser escolhidos e entre eles está Alemanha, Argentina, Bélgica, Canadá, Estados Unidos e Itália, por exemplo.

Em 2019, dois alunos foram enviados à Itália para cursarem o ensino médio. Em 2020, devido às fronteiras fechadas pelas restrições da pandemia da covid-19, o programa encontrou dificuldades em oferecer novas vagas. No final de 2021, quando houve mais flexibilidade de trânsito entre países, a Fundação enviou quatro estudantes para a Itália e uma para a Finlândia.

As bolsas de intercâmbio incluem os estudos de um ano letivo em escola no exterior, estadia em casa de família e passagens aéreas trecho internacional. Para o Estado, o investimento é de US$10 mil ao ano por aluno.

“Um dos principais ganhos é conseguir eliminar as fronteiras sociais e levar os alunos de escola pública a ter essa educação intercultural. É importante eles terem esse enriquecimento cultural, pessoal, científico de vivenciar outras realidades. Essa expansão é um dos maiores ganhos e percebemos um efeito multiplicador como cidadão ativo na sociedade”, destaca a coordenadora do projeto Cidadão Global: de Minas para o Mundo, Carolina Lobo.

Eliminar fronteiras

Não é apenas a viagem ao exterior o ponto chave do programa ‘Cidadão Global: de Minas para o Mundo’. O objetivo é desenvolver competências e habilidades para que o aluno se transforme em um agente de mudança na sua escola e comunidade.

O projeto acontece durante todo ano letivo com alunos do 1º e 2º anos do ensino médio. Ao longo do ano, os alunos participam de palestras, formações, oficinas com temas baseados nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentáveis da ONU e aulas de conversação de inglês e espanhol.

Além disso, os participantes são convocados a serem multiplicadores dessa formação e assim realizarem atividades de intervenção na escola de forma a proporcionar mais interação e engajamento social na mesma.

Como auge do projeto, no fim do ano letivo, é que os alunos participantes passam pelo processo de seleção de bolsas de estudo para ficar um ano fora do Brasil.

Vale pontuar que o projeto faz com que os alunos busquem melhorar o seu rendimento escolar, já que um dos critérios para que possam participar do processo de seleção é ter uma média escolar acima de 70% e nunca ter sido reprovado.

Intercâmbios

Desde 2018, a Fundação Helena Antipoff tem buscado a implementação de competências globais em sua grade curricular através de projetos de internacionalização do currículo.

Acessível no Brasil aos jovens das classes média e alta, o intercâmbio estudantil se aproxima da realidade dos alunos da FHA, onde estudam, em sua maioria, jovens de famílias de baixa renda.

Fonte: Agência Minas