Mariana – A ministra da Cultura, Margareth Menezes foi recebida com festa na praça Minas Gerais com a presença de grupos culturais e ao som de “Fárao- Divindade do Egito”, ela entregou as obras de restauro da igreja de São Francisco de Assis e o Museu de Mariana. Em solenidade concorrida com a presença dos deputados estaduais Leleco Pimentel, Andreia de Jesus, dos deputados Federais Padre João e Reginaldo Lopes, além de prefeitos das cidades da região como de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, de Santa Bárbara, Alcemir Moreira, do prefeito de Itapecerica Wirley Rodrigues Reis e do vice-prefeito de Ouro Branco, Celso Vaz. A ministra atendeu os prefeitos após o almoço.
Margareth Menezes destacou o interesse do mundo pela cultura brasileira, para ela é uma oportunidade. Disse que está reconstruindo o ministério com ferramentas de gestão. “Nestes nove meses já se pode ver o que estamos retomando nacionalmente internacionalmente, por isso me sinto emocionada pelo presidente me dar essa oportunidade por estar com a equipe que nós estamos”.
Margareth Menezes ressaltou que tem recebido pessoas de todos os lugares do Brasil e de todas as manifestações culturais, “ e assim paulatinamente vamos retomando e fortalecendo a identidade nacional em toda sua diversidade”.
O presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto destacou a retomada da Cultura “que a gente acredita tanto”. Ele também cumprimentou o prefeito Celso Cota por ter sido responsável pelo projeto do Museu e pela revitalização do patrimônio artístico e Cultural de Mariana, “que começaram na sua gestão anterior, então parabéns por essa visão”.
Segundo Hugo Barreto “a restauração da Igreja de São Francisco de Assis abre as portas novamente aos moradores e visitantes de um ícone do período colonial, um lugar muito significativo para a comunidade que que começou a ser construída em 1762 e preserva um acervo artístico ímpar, imortalizando diversos artistas mineiros como por exemplo Mestre Ataíde e o Museu de Mariana instalado na casa do Conde de Assumar, é um espaço de memória da cidade e para a cidade e para o mundo”.
O Arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, lembrou que por muito tempo a igreja estava com andaime, “a pouco ouvíamos o barulho da serra e da furadeira elétrica e de outras ferramentas, isso nos leva a pensar e a imaginar como há 300 anos os operários e os artistas cumpriam seus ofícios, sem essas facilidades do mundo moderno. Como subir com o pináculo até o cume da torre? Como levar os sinos para os campanários? E as respostas nos vem prontamente, tudo é graça, tudo é dom de Deus […] A contemplação do belo nos aproxima do sagrado e aqui a beleza está em toda parte. Nos artistas de ontem, hoje tão renomados, os artífices e restauradores de hoje são homenageados e assim devem se sentir em cada olhar admirado do fiel, do peregrino, do visitante, do turista. Os marianenses e especialmente os franciscanos estão em júbilo”
O prefeito Celso Cota disse que quis o destino que ele iniciasse o processo de busca de recursos pedindo à então presidente Dilma Rousseff, sendo prontamente atendido, o que tornou a cidade uma das mais beneficiadas com o PAC das Cidades Históricas.
Celso ressaltou a importância da força de Dom Luciano Mendes na captação de recursos junto à Fundação Vale para o restauro da igreja do Carmo. Ele destacou que recentemente a Câmara foi entregue e que o imóvel é utilizado pelo poder legislativo. “Quis a história que estivesse aqui no momento de planejar, quis a história que estivesse aqui no momento de brindar a entrega e quis a história que estivéssemos aqui junto com o compat, que é a participação da sociedade marianense. O Compat de Mariana é um dos conselhos mais atuantes”.
Um museu de cidade
O Museu de Mariana é um museu da cidade, que tem o próprio município como tema central da sua exposição de longa duração. A proposta é de que seja um espaço de formação, debate e proposição, o que requer a participação dos moradores não apenas como espectadores, mas como agentes que possam se expressar e se articular no novo espaço público.
A Casa do Conde de Assumar é a primeira sede do Museu, que terá sua continuidade em uma outra edificação a ser restaurada futuramente, na Rua Direita. O visitante é convidado a interpretar o passado e pensar o presente tendo como referência a própria cidade. “Costumamos ouvir que uma cidade tombada é um museu; no Museu de Mariana, as relações entre o que está dentro e o que está fora dialogam e se complementam”, ressalta Luiz Fernando de Almeida, diretor-presidente do Instituto Pedra.
A edificação é o principal item do acervo do museu, e ela não se restringe aos seus ambientes internos expositivos: o complexo conta também com um café e um jardim a céu aberto, todos acessíveis. “O Museu de Mariana é dedicado aos cidadãos e é inaugurado com o objetivo de se tornar um novo ponto de encontro e lazer para a comunidade. Um espaço para novas histórias, encontros e reencontros com os públicos que o visitarão”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.
O projeto desenvolveu ainda um programa de educação patrimonial, o manual de conservação dos espaços restaurados e um projeto de gestão cultural visando a sustentabilidade do local. Além disso, para atuar na equipe do Museu foram contratados moradores e estudantes de Mariana, reforçando, assim, a inserção do novo equipamento na comunidade.
“A inauguração do Museu de Mariana é exemplo de projeto que está aliado não só à conservação do patrimônio cultural local, mas também ao desenvolvimento social e econômico da região ao reforçar sua atratividade turística. Investir nesse trabalho é investir no próprio povo marianense”, conclui Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
Os patrimônios materiais
A Igreja de São Francisco de Assis, construída entre 1762 e 1794, preserva sistemas construtivos tradicionais do período colonial e um acervo artístico ímpar, sendo um dos bens culturais mais visitados na cidade de Mariana até a sua interdição ocorrida em 2013, devido ao risco de desprendimento de peças estruturais do seu arco-cruzeiro. A construção do edifício religioso contou com a participação de notáveis arquitetos e artistas como José Pereira Arouca, Manuel Costa Athaíde, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier Carneiro.
Já a Casa do Conde de Assumar, denominada Casa de São Francisco, possui grande relevância cultural. Com provável construção em 1715 para moradia do governador da Capitania Hereditária de São Paulo e Minas de Ouro – conde Dom Pedro de Almeida e Portugal –, foi posteriormente a residência de Dom Frei Manoel da Cruz, o primeiro bispo de Mariana.
Por Marcelino de Castro