Antônio Pereira – Solicitada para ser realizada hoje, às 10 horas, a reunião entre a Vale e as famílias a serem removidas não ocorreu. As famílias esperavam esclarecimentos sobre como serão realocadas. Indignados apenas em encontrar os servidores da Defesa Civil no Cras (Centro de Referência da Assistência Social), um grupo moradores seguiu para a Vila Pereira, acompanhado do vereador Vander Leitoa (PV). Lá estava um funcionário da Vale, em um ponto de informações, para ele foram feitos tantos questionamentos, que chegou apoio, um outro funcionário da empresa, responsável pelo PAEBM, os dois não quiseram dar declarações ao diário de Ouro Preto.
A lacuna da desinformação, ou um “Gap”, no jargão do mundo corporativo, foi o que encontrou os moradores de Antônio Pereira angustiados com a evacuação. Ontem quatro famílias foram retiradas sem o acompanhamento da Defesa Civil, queixaram os moradores que são vizinhos, que não foram removidos.
A reunião foi solicitada na quinta-feira, durante a Coletiva de imprensa realizada na Prefeitura, pelo vereador Vander Leitoa (PV) para que a empresa esclarecesse a remoção aos moradores.
Vander disse que “segundo o Ramos (Secretário de Defesa Social) a Vale não quis comparecer e o pessoal estava com várias dúvidas, querendo perguntar muitas coisas e a defesa Civil falou que não tinha as informações, que não tinha como esclarecer as dúvidas das pessoas. Eu fiquei meio assustado, perante o assunto aí, que é a barragem, um assunto que assusta muito as pessoas, tá o terror aqui no distrito e a gente fica preocupado, estamos buscando soluções junto a empresa Vale para que esclareça isso e chame a população para conversar”, explicou o vereador Vander Leitoa.
Entre os principais questionamentos estão : a demarcação da área de risco, as rotas de fuga para locais com grande volume de água de enxurrada, na Vila Pereira e o local de recebimento de pessoas acamadas e com dificuldade de locomoção. Diante de tantos questionamentos foram elencados 9 e direcionados à Vale.
“Ninguém sabe quem vai sair, nem a defesa Civil”, reclamou Sheila Serra, moradora da rua projetada 10, que viu a vizinha sair, ficando para trás. De acordo com Sheila os funcionários da Vale chegaram na sexta-feira de surpresa e começaram a retirar as famílias sem o acompanhamento da Defesa Civil. “Eles chegaram e falaram com meus vizinhos que eles teriam que sair ontem da casa e falaram que eles iriam para um hotel, e lá (hospedados) iriam estudar umas casas. Mas só que a Defesa Civil em momento algum acompanhou eles e nós os outros moradores que ficamos nas rua não temos resposta, hoje, sábado, era pra ter a reunião com a Vale, e a Vale infelizmente não compareceu e a gente continua sem resposta sem dormir, queremos uma solução”, disse Sheila.
Já morador da rua Àguas Marinhas, Sebastião Fabiano disse que sua casa está à disposição da Vale para a venda. Ele afirma que sua rua está cheia de placas de rotas de fuga e seu imóvel não é de interesse de ninguém para a compra.
Na próxima terça-feira, 18, os moradores se reunirão com o Promotor de Justiça titular da 4ª Promotoria, Dr. Domingos que já esteve com eles na semana passada ouvindo os anseios. Na próxima visita ao distrito já estará em campo para acompanhar os impactos da evacuação.
Outro lado – “Na próxima semana, de segunda (17) a sexta (21), o atendimento às famílias removidas de Antônio Pereira e Vila Antônio Pereira será feito presencialmente no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Salão da Pirâmide, respectivamente, de 8h às 12h e de 13h às 16h. A empresa também disponibiliza o canal de atendimento 0800 031 0831. O Ponto de Informação funcionou no sábado (15), também, de 9h às 16h, para esclarecer todas as dúvidas das comunidades referente à Barragem Doutor e ao processo de realocação preventiva em função das obras de descaracterização”.
Atualizada em 16/02 às 11h30
Por Marcelino de Castro