Mariana – Nesta segunda-feira (02/09), durante a 26ª Reunião Ordinária da Câmara de Mariana, representantes dos bairros Rosário, Fonte da Saudade e Marília de Dirceu encaminharam um abaixo-assinado em relação à falta de água. Os vereadores apoiaram a causa e disseram que farão as devidas cobranças, mas que a responsabilidade é do executivo.

O senhor Rondineres Aparecido Maia, morador do bairro Fonte da Saudade participou do plenário a fim de levar para o Legislativo o problema da sua comunidade: “Eu abro a palavra para os senhores e senhoras explicar aos moradores do bairro os motivos pelos quais estamos há mais de onze anos vivendo a falta de água nos bairros e quais as medidas que o município tomou nesse período para solucionar a falta de abastecimento de água”, questionou Rondineres durante o uso da palavra.

A vereadora Sônia Azzi acredita que a falta de água é um problema que também deve ser discutido com as mineradoras: “Eu acho que nós devemos sim ter um olhar diferenciado e pedir às nossas mineradoras, que elas estão aqui usando o nosso solo e tirando a riqueza daqui. Se o executivo fizer um acompanhamento, chamá-las para a conversa. (…) Se eles estão tirando a nossa riqueza, que é a nossa riqueza, é o solo nosso, então eles têm que contribuir sim.”

O vereador Ronaldo Bento ressaltou que no início do mandato, quando Juliano Duarte atuava como prefeito, havia seis reservatórios licitados e que o serviço iniciou-se na parte alta do Rosário. Na rua Dom Luciano, o reservatório é de 1 milhão de litros de água. Além disso, já havia sido feito um poço artesiano na região conhecida como “Gogô”, que transmitiria a água para o bairro Rosário, solucionando o problema. A Samarco assumiu os custos da tubulação de Gogô até Dom Luciano, a rede teria cerca 1900 metros.

Ronaldo afirma que o problema também se encontra na gestão do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto): “Com devido respeito ao atual diretor da autarquia, salvo melhor juízo que três vezes está nessa autarquia e três vezes não conseguiu sanar o problema de água de Mariana. Demonstrando e sentando em cima da sua incompetência, assumiu essa autarquia novamente. E assumindo essa autarquia novamente, ele não teve a capacidade de trazer essa água até o Dom Luciano. E não é retirando dos cofres públicos, porque tem um contrato com a Samarco. A Samarco pagou mais de dois milhões para que essa tubulação fosse feita e chegasse no Dom Luciano. Não conseguiu chegar até a presente data.”

O vereador Juliano Duarte complementou a fala de Ronaldo explicando que em sua gestão foi feita a perfuração de 112 metros de profundidade, conseguindo a vazão de 9,5 litros de água por segundo, tendo assim um poço artesiano em plena condição de funcionamento. Além disso, Juliano declara ter licitado três reservatórios de 500 mil litros e três de 1 milhão de litros. As licitações foram continuadas durante o governo de Ronaldo Bento. Porém, de acordo com os vereadores, não houve continuidade por parte da nova gestão. 

Juliano ressalta que houveram muitos erros no processo de construção da rede: “Fizeram a primeira licitação da rede, Rondineres, a licitação foi impugnada por erro de projeto. Fizeram a segunda licitação, foi impugnada de novo por erro de edital. E fizeram a terceira licitação, deram ordem de serviço. Quando a empresa chegou para executar a rede, com o dinheiro da Samarco, erro de projeto. Quem fez o projeto, nem no local fez, deve ter feito por Google, por cima, porque colocou a estação de bombeamento de água justamente no local que é um brejo. (…) A obra iniciou e parou. Tiveram a brilhante ideia de iniciar a rede de cima para baixo, em vez de iniciar do poço para cima. Só que eles erraram o traçado, em vez de passar na área que era do poder público, entraram numa área de propriedade privada. Tiveram que desfazer grande parte do serviço executado.”

O vereador e candidato a prefeito afirma que a situação atual é consequência da falta de comprometimento e responsabilidade da gestão: “Então, hoje a situação é essa. Se tivesse comprometimento, a rede já estava ligada na caixa e eu afirmo com toda tranquilidade, que você e os moradores do Rosário e dos outros bairros não estariam na situação que está hoje. Teve sim um planejamento de execução, mas infelizmente, as pessoas que assumiram não tiveram a mesma responsabilidade na continuidade das obras. Tem um ano que a atual administração assumiu, um ano para licitar 1800 metros de rede. Não dá para entender o que aconteceu.”

Por Marcella Torres