Ouro Preto e Mariana recebem, entre os 11 e 14 de novembro, a primeira edição do projeto Música nas Cidades Históricas. O projeto, que chega a Petrópolis no final do mês, inclui recitais em igrejas, monumentos históricos, praças públicas, museus e centros culturais. Buscando resgatar e revitalizar uma parte importante do patrimônio imaterial brasileiro, apresenta artistas de diversas tendências num precioso diálogo entre música e história. Uma verdadeira viagem sonora, com música contemporânea dialogando com os períodos colonial e imperial.


Mesclando erudito e popular, o elenco vai desde o violão clássico de Turíbio Santos e um tributo a Baden Powell, até a orquestra Minas Barroca e o Duo Santoro, com presença dos diálogos entre as cordas do argentino Victor Biglione e as teclas do mineiro Wagner Tiso, além de grupos eruditos e os tambores mineiros do percussionista Serginho Silva.


Além dos recitais e shows, a temporada inclui ainda oficinas e conversas com os artistas. Idealizado pelo produtor Leonardo Conde, da Duo Produções, o projeto MUCIH tem entrada franca, cumprindo o objetivo de democratizar o acesso à cultura. O evento tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com apoio das prefeituras de Ouro Preto e Mariana. O formato é híbrido, mesclando participação parcial de plateia ao vivo e transmissão de vídeos, seguindo os protocolos de segurança da COVID-19 estabelecidos pelas prefeituras e pela OMS.


A abertura acontece em grande estilo, no dia 11, quinta-feira, na Casa da Ópera, em Ouro Preto, com o violão do mestre Turíbio Santos, que estará no dia 13 no Teatro Municipal de Mariana. O violonista maranhense começou a se destacar ainda adolescente quando gravou os Doze Estudos de Villa-Lobos. Começou aí uma carreira que ganhou o mundo, com mais de sete dezenas de discos gravados e concertos e shows em todos os continentes. Seu recital equilibra os universos da música erudita e popular, incluindo dois prelúdios de J.S. Bach, três de Villa-Lobos, “Ô Abre-Alas” e mais duas músicas de Chiquinha Gonzaga, três de Luiz Gonzaga, duas de João Pernambuco e a sempre agradável “Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro”, do americano Louis Gottschalk e duas composições próprias, “Gonçalves Dias” e “Frevo dos Escravos”.


No dia 12, sexta, é a vez do filho de Baden Powell, Marcel Powell, se unir ao baiano Armandinho para uma belíssima homenagem a Baden, que muitos consideram o maior violonista brasileiro. O duo formado pelo brasileiro nascido na França e o integrante da Cor do Som apresenta o “Baden Powell Tribute”, lançado em CD em 2020 para lembra os vinte anos sem Baden.

A Orquestra Mineira Barroca se apresenta em Mariana na igreja Nossa Senhora do Carmo neste sábado, 13/11, com entrada franca


O repertório traz clássicos de Baden como “Berimbau”, “Samba em Prelúdio”, “Consolação” e “Canto de Ossanha”, e releituras inspiradas de standards brasileiros como “Lamentos”, de Pixinguinha, “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolim e “Samba da Minha Terra”, de Caymmi. Eles tocam às 20 horas e antes, às 18 horas, na Igreja de São Francisco de Assis, é a vez da apresentação da Orquestra Minas Barroca, com A Música Sacra de Minas, em Ouro Preto.


Outro duo de prestígio internacional, reunindo Wagner Tiso e Victor Biglione, toca no sábado, 13, às 20 horas. Eles celebram trinta anos de amizade e parceria apresentando o concerto que foi registrado no CD “The Finland Concert”, com registro do show que fizeram na Finlândia, em 2019. A dupla de piano e violão gravou e vai mostrar um repertório variado, com temas de Cartola, Tom Jobim, Chico Buarque, Ataulfo Alves, Dorival Caymmi, Jacob do Bandolim e do próprio Wagner Tiso.


Antes deles, ás 16 horas, na Igreja do Rosário, a viagem no tempo acontece com o grupo de Música Antiga Modus Novus. Formado por André Gomes (flauta transversal barroca), Waldir G. Filho (violino barroco), Bruno Cruz (Espineta) e Daniel Tamieti (violoncelo barroco), o grupo traz a música dos séculos XVII e XVIII, e usa réplicas de instrumentos da época. Eles buscam trazer a beleza e a inspiração da Música Antiga num trabalho refinado de interpretação que inclui uma sólida pesquisa de fontes históricas filtradas pela personalidade de seus integrantes. E parcerias como a do grupo vocal Seconda Prattica Ensemble. Para esse concerto contam com a participação e coordenação de Liz Xavier, cantora, musicista pesquisadora e diretora do Seconda Prattica Ensemble.
Por Kiko Ferreira