Sob os olhares de diversos turistas e ouro-pretanos, a feira de artesanato é um grande destaque da cidade histórica de Ouro Preto. Localizada logo no centro do município próximo a igreja de São Francisco de Assis, a feirinha funciona de segunda a domingo das 07h às 19h e recebe diariamente muitos visitantes que estão em busca de levar como lembrança um pedacinho de Ouro Preto para outros lugares do Brasil e do mundo.


Considerado “o berço do artesanato” da cidade, a feirinha de artesanato desde 1995, continua encantando uma grande quantidade de pessoas que a conhecem através de sua beleza, tradição e cultura. A variedade de produtos feitos de pedra sabão, chama a atenção como as panelas, miniaturas, esculturas e jogos de tabuleiro com fotos de lugares famosos e históricos como igrejas e museus.


A pedra sabão


Símbolo da herança da cultura mineira, o esteatito, mais conhecido como pedra sabão, é uma rocha que permite o corte em faca sendo composta por talco e outros materiais como quartzo, tremolita e clorita. O escultor Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho, conhecido por grandes trabalhos no período do Brasil colonial utilizando a pedra que está presente até hoje em igrejas de Ouro Preto e em outras cidades de Minas Gerais.


Um dos objetos mais famosos produzido através da rocha são as “panelas de pedra” que trazem influências para a culinária mineira por serem termicamente inerte demorando aquecer e esfriar, sendo assim, conservando a temperatura da comida por mais tempo. A matéria prima para a criação do artesanato de pedra sabão geralmente é trabalhada no distrito de Santa Rita em Minas, já a parte de acabamento desses materiais são realizados em Ouro Preto por artesãos no dia a dia na feirinha.


O Artesanato


Natália Cristina tem 37 anos e é moradora do bairro Alto da Cruz em Ouro Preto. Artesã há mais de 14 anos, ela contou em entrevista ao jornal Diário de Ouro Preto, que suas mercadorias são de sua produção e conhecer pessoas de diversas partes do mundo em seu trabalho a deixa mais criativa e inspirada pela troca de cultura e conhecimento. A artesã chega na feirinha às 08h e sai às 19h, com uma rotina agitada, fica fora de casa tem seu preço “A gente faz o que gosta e por isso não vê o tempo passar, mas ficamos muito tempo por aqui…”


A Ouro-pretana explicou a importância da feirinha e do artesanato para a comunidade, segundo ela, a exposição atrai bastante turistas e até mesmo os moradores da região passam por lá para prestigiar o trabalho. Para Natália, é necessário que mais políticas públicas sejam criadas a favor dos artesãos, pois gera empregos e movimenta a economia da cidade. “Eu acho que precisa ser mais valorizado e divulgado para que mais pessoas tenham acesso a nossos produtos” explica ela.


Fernando César de 60 anos é artesão e ouro-pretano, sua relação com o artesanato em pedra sabão vem desde a infância devido a sua mãe trabalhar com a arte. Em entrevista ao jornal Diário de Ouro Preto, ele conta que criou os 3 filhos com o trabalho na feirinha e se sente livre para trabalhar, fazer o que gosta e guarda muitas recordações com mais de 40 anos trabalhados com a arte. O artesão contou que a sua fonte de criatividade vem de suas vivências e experiências e que o artesanato na cidade ainda tem muito o que mostrar e ir além “No futuro, provavelmente o artesanato vai ser muito maior caso ele seja divulgado no presente” contou ele. Com mais 40 exposições diárias, a feirinha de artesanato conta com uma grande variedade de produtos além dos produzidos com a pedra sabão. Miriam das graças moradora do bairro Morro Santana em Ouro Preto.

Por Samuel Ribeiro