A Igreja de São Francisco de Assis, no Largo do Coimbra, centro histórico de Ouro Preto, se transformará em cenário da estreia da ópera “ALEIJADINHO, o Mestre do Barroco Mineiro”, produzida pela Fundação Clóvis Salgado.
O espetáculo, inspirado na vida e obra de Antônio Francisco Lisboa, o mais importante artista do Barroco Mineiro, acontecerá em espaço público e gratuito às 20 horas do dia 29 de abril, em estreia mundial. Em seguida, fará temporada nos dias 14, 16, 18 e 20 de maio, no Palácio das Artes, BH.
A criação reúne composições de Ernani Aguiar e o libreto de André Cardoso. O compositor é ouro-pretano, violista, maestro, pesquisador e professor de regência orquestral na UFRJ. Ernani estudou com grandes nomes da música brasileira, dentre eles, os maestros Guerra-Peixe e Carlos Alberto Pinto Fonseca, e suas composições são conhecidas no Brasil e também no exterior. Já o libretista, que também é violista e regente graduado pela Escola de Música da UFRJ, é mestre e doutor em musicologia, pela UniRio e já atuou à frente de orquestras como a Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica da Paraíba, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, a Orquestra Petrobrás Sinfônica, a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília e a Filarmônica do Espírito Santo. Como pesquisador dedica-se à música brasileira dos séculos XVIII e XIX, e publicou uma série de artigos em importantes periódicos nacionais.
A ópera “ALEIJADINHO, o Mestre do Barroco Mineiro” conta com direção musical e regência de Silvio Viegas e direção cênica de Julianna Santos. O espetáculo envolverá ainda participações da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais e da Companhia de Dança Palácio das Artes.
A montagem, que integra a programação do Ano da Mineiridade, da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), foi realizada pelo Ministério do Turismo, Governo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado, com patrocínio da Cemig, ArcelorMittal, Instituto Cultural Vale, AngloGold Ashanti, Usiminas e CSN por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
RESUMO DA ÓPERA:
Vila Rica, capital de Minas Gerais, entre 1789 e 1814, momento da deflagração da Inconfidência Mineira. A ópera coloca em cena personagens que fazem parte da história do povo mineiro, que sonharam com a liberdade por meio do movimento precursor de nossa independência, artistas fundamentais para a construção da nacionalidade brasileira. A trama percorre o adoecimento do artista, a rejeição do seu filho e termina com sua morte. Estruturado em três atos, o libreto baseia-se em fatos e cronologia reais da vida de Aleijadinho para estruturar a narrativa dramática. Nela estão presentes personagens não só da vida pessoal do escultor, como seu filho Manuel, sua nora Joana e seus escravos Firmino, Maurício e Januário, como também personalidades da vida política e cultural das Minas Gerais do século XVIII e XIX, como os poetas Thomas Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, o compositor Lobo de Mesquita e Vicente Ferreira, contratante da Irmandade do Bom Jesus de Matosinhos. Os temas centrais da ópera, mais que uma sequência de fatos da vida do Aleijadinho, são a desilusão, a perda, o abandono e a solidão. Ao longo das cenas, tais sentimentos se acentuam no protagonista. Primeiro se dá́ a perda de seus amigos Inconfidentes, depois do colega músico Lobo de Mesquita, de um de seus escravos, Maurício, que morre durante o trabalho em Congonhas e Justino, que o abandona sem deixar vestígios. Por fim o próprio filho, restando-lhe, no final da vida, apenas a nora Joana.
Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto
Foto: Luccas Castro