Ouro Preto – A comunidade de Antônio Pereira se reunirá hoje, às 18 horas, com representantes da Vale, da Prefeitura e da Defesa Civil que deverão prestar esclarecimentos sobre a real situação da barragem de Doutor e sobre a necessidade de remoção preventiva ou evacuação emergencial.
Na sexta-feira, 21, a promotora de Justiça, Dra. Aline Silva Barros, responsável pela 2ª Promotoria de Justiça, oficiou a Vale, a Prefeitura e a Defesa Civil, para prestarem os esclarecimentos às famílias, hoje, na Escola Estadual Professora Daura de Carvalho Neto.
Os manifestantes se queixam que as informações estão desencontradas, o que está gerando pânico entre os moradores da Zona de Auto Salvamento (ZAS), que em algumas áreas eles 6 minutos para fugir. Na sexta-feira, 21, a MG 129 foi fechada por quase 5 horas, o protesto exigia a reunião com a Vale. A pista só foi liberada após a PM escoltar a diretora do Complexo Mariana, Heloísa Oliveira, que se reuniu com uma comissão de moradores na Vila Antônio Pereira.
No final do dia, a Vale respondeu à reportagem do diário de Ouro Preto, informando que se reuniria com a comunidade, atendendo ao pleito da manifestação. Mas o Ministério Público, já havia oficiado a empresa a ir prestar os esclarecimentos à comunidade.
Na quinta-feira, 20, a Fundação Estadual de Meio Ambiente fez uma vistoria na barragem, moradores nos enviaram vídeo do sobrevôo. Foi encaminhada a seguinte pergunta para a instituição:
Referente à vistoria realizada na manhã desta quinta-feira, 20, na barragem “Doutor”, em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, qual foi o parecer da Feam?
RESPOSTA
“A barragem Doutor armazena os rejeitos oriundos da concentração de minério de ferro da Mina de Timbopeba. Todavia, no momento, não está recebendo nenhum aporte de rejeitos.
Segundo o representante do empreendimento, o Plano de Segurança de Barragens (PSB) e o Plano de Ação Emergencial (PAE) encontram-se em processo de atualização.
Devido ao Fator de Segurança obtido para as solicitações drenadas e não drenadas, a Barragem Doutor se encontra sem declaração de condição de estabilidade (DCE) e, por isso, no dia 31/03/19, a Vale S.A acionou o nível 1 de alerta para a estrutura, junto à Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo representantes da empresa, desde o acionamento, inspeções visuais estão sendo realizadas diariamente.
Como medida de controle de estabilidade e com o intuito de elevar o fator de segurança, o lago do reservatório está sendo rebaixado desde o dia 31/08/19, por meio de bombeamento. Esse rebaixamento está sendo executado 24 horas por dia, com a utilização de até 6 bombas. Segundo representante da empresa já foi rebaixado, aproximadamente, 7 metros do reservatório.
Sobre o talude de jusante do barramento principal, próximo à ombreira direita, ocorre uma anomalia circular denominada de sinkhole, dotada de 1m de profundidade e 3m de diâmetro, que apareceu no dia 28/01/2020. Após avaliação da anomalia, a Vale preencheu, tampou e está monitorando o local, sob anuência da SLR, auditoria designada pelo MPMG.
Representantes da empresa informaram que para o monitoramento da barragem foram instalados no Maciço principal 20 piezômetros, 22 INA’s, 4 medidores de vazão e 1 régua de reservatório. Adicionalmente, para o monitoramento topográfico foram instalados 42 prismas, que são monitorados por estação total robótica automatizada e online.
Uma vez que a barragem foi classificada com método construtivo de alteamento a montante, a fim de atender a resolução 2.784/2019, a Vale está em processo de elaboração de projetos de descaracterização. O início das obras está previsto para abril de 2020. Neste sentido, a Vale S.A informou que, com o objetivo de permitir o início das obras de descaracterização, a Defesa Civil e a prefeitura de Ouro Preto/MG decidiram evacuar 28 residências do distrito de Antônio Pereira, que estavam dentro da mancha de inundação, mas não foi acionado o nível 2 de alerta para estrutura.”
Por Marcelino de Castro/ da Redação
Fotos: Divulgadas pelos moradores
