Desde o início de novembro, em Belo Horizonte, uma iniciativa inédita tem mostrado ao público em geral como funciona o processo de restauração de bens culturais móveis. Imagens atribuídas ao Mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, estão sendo recuperadas em espaço aberto à visitação.

Foto: Studio Cerri –  Sant’Ana Mestra, imagem atribuída ao Aleijadinho e pertencente à Capela de Sant’Ana de Chapada, Ouro Preto

É o projeto “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro”, que acontece na Casa Fiat de Cultura até o dia 2 de janeiro. Quem quiser pode conhecer os bastidores do ateliê de restauro e todas as etapas dos trabalhos dos especialistas, desde os procedimentos preliminares de diagnóstico, que utilizam sofisticados equipamentos que permitem a visualização minuciosa dos danos sofridos ao longo do tempo, como também os processos de descupinização, higienização e limpeza para remoção de interferências inadequadas, até a recuperação total das características originais das peças.

Por enquanto, estão em andamento os processos de restauração das imagens de São Joaquim, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Raposos, MG, e de São Manuel, Paróquia de Nossa Senhora do Bonsucesso, de Caeté, MG.

A partir de 2 de dezembro, inicia-se os trabalhos de restauro da imagem de Sant’Ana Mestra, pertencente à Capela da comunidade de Chapada, subdistrito de Ouro Preto, localidade situada a 110km da capital mineira .  A imagem, tombada pelo IPHAN em 1987, foi produzida na maturidade de Aleijadinho (1738-1814) na virada do século 18 para o século 19, sendo possivelmente contemporânea às imagens de Congonhas.

Para a restauradora e coordenadora Rosângela Reis Costa, do Grupo Oficina de Restauro, “O importante deste projeto, para nós e para todos os restauradores, é a oportunidade de didaticamente apresentar ao público leigo o significado do nosso trabalho, e a necessidade dele ser realizado por profissionais especializados para não se incorrer em riscos de comprometimentos e falseamentos em nosso acervo histórico cultural”. Participam também dos trabalhos as restauradoras Tereza Dantas Moura, Giulia Alcântara Cavalcante e Roseli  Cotta, todas graduadas na profissão.

As visitas ao ateliê-vitrine são gratuitas, mas devem ser previamente agendadas na plataforma  Sympla (www.sympla.com.br). O projeto “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro”, que culminará em janeiro de 2022 com a entrega das obras às suas comunidades e o lançamento do e-book, é uma realização da Casa Fiat de Cultura, com apoio do Ministério do Turismo, e patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Gerdau.

Por Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto

Foto: Studio Cerri –  Sant’Ana Mestra, imagem atribuída ao Aleijadinho e pertencente à Capela de Sant’Ana de Chapada, Ouro Preto