Ouro Preto – Ofereço a coluna de hoje aos belo-horizontinos. Em especial, à pessoa da Teuda Bara, que sempre teve muito carinho conosco em suas apresentações. O que vou contar é um enredo digno de teatro do Grupo Galpão! O dia em que o Governador poderia mudar a capital do Estado da Praça da Liberdade para a Afonso Pena, para homenagear o mártir da inconfidência, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, patrono da Polícia Militar de Minas Gerais.  

A informação era de que o Governador de Minas Gerais cumpriria os ritos do dia 21 de abril em 2020, previstos na Constituição do Estado de Minas Gerais, na Afonso Pena… Am? Onde? Que dia? Foram diversas dúvidas surgindo e, pelo visto, o franzir de minha testa causou no interlocutor a necessidade de elucidar os fatos repetindo a informação. No caso, o interlocutor era o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus, na porta do XV de Novembro, entre uma foto e outra com as guerreiras de Antônio Pereira.

Ale, Ivone, Agostinho e Sandra na porta do 15 de Novembro

Diante da afirmativa, logo questionei: na Afonso Pena? Sim, respondeu ele, “com a posição de coroa de Flores” e tudo! Sério? E nós ali, na porta do XV, mesmo local que Juscelino Kubitschek costumava frequentar nos bailes de gala da cidade do 21 de Abril. O presidente da Assembleia do Estado, com cadeira garantida no Tribunal de Contas do Estado, sem “nenhuma pretensão” de ir ao sufrágio! Ou seja, desprendido da disputa eleitoral, com semblante tranquilo, comentava Agostinho Patrus, que ele como chefe do Poder Legislativo, lembrou ao chefe do Executivo o que diz a Constituição do Estado à qual eles servem. 

De acordo com Agostinho Patrus, que também preside o Conselho da Medalha da Inconfidência, ele alertou o Governador que a mudança da Capital para Ouro Preto é um dispositivo constitucional. Pelo que se vê, Agostinho conseguiu dissuadir o Governador e a Constituição estava cumprida no auge da Pandemia. Ah, temos que agradecer e parabenizar a Corporação que honrou brilhantemente seu Patrono, naquele momento crítico, sem medir esforços, na Praça Tiradentes de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. 

Tem coisa que a gente escuta e pensa assim, “oh, Deus, mas será possível?” O dia do país parar pra ver Ouro Preto, conhecer seu legado, o Governador pensa em mudar a capital de Minas para a Afonso Pena? Pois uma das homenagens é justamente transferir a capital para Ouro Preto! Afinal de contas, cá pra nós, na Afonso Pena é mais perto né?

“O Pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa”, disse Caetano Veloso. E eu ali, na subida de Santa Efigênia, fazendo plantão de reportagem, imaginando a “reiva”, do ouro-pretano em saber que o Governador não “governaria” em Ouro Preto naquele dia.  Entre uma foto e outra, digeri a informação de que, o chefe do Estado pretendia colocar a coroa de flores na Estátua de Tiradentes da Afonso Pena e, depois entraria para o Palácio das Artes, para entregar as medalhas. Mas naquele movimento agitado de rua, de lançamento de campanha, não deu mais tempo de perguntar se era a pé ou de carro, que o governador iria para o Grande Teatro do Palácio das Artes entregar as honrarias! 

E, também né, já pensou? Para quem sabe ler, um risco é Francisco, imagine o mapa no Google? Imaginei!

Já imaginou que gafe seria? Aquele tanto de batedor, no dia do patrono da Corporação deles, tendo que fechar o entroncamento de duas vias de grande fluxo no coração da capital? Felizmente, o bom senso imperou, no dia 21 de abril de 2020, o solitário Dragão da Inconfidência marchou firme no cumprimento de seu dever, profissional e cívico, sob os olhos dos Comandante do 52º BPM, Ten Cel Ademir, então Prefeito Júlio Pimenta, Comandante da 3ª RPM, Cel Balsa, e Comandante do Corpo de Bombeiros de OP,Cap BM Toledo.

Dragão da Inconfidência no 21 de abril de 2020 Foto: Ane Souz

O Dragão cortou a praça Tiradentes ao encontro do monumento, erigido na mesma praça em que foi exposta na salmoura sua cabeça. Talvez por isso, seja merecedor de um feriado nacional, só dele. Afinal, Tiradentes  uniu mineiros e cariocas, não foi por isso que foi preso? Por estar no Rio de Janeiro? E olha outra coincidência, os cariocas também botaram fé nas ideias do Tiradentes, lá também tem uma praça Tiradentes e tem carnaval que nem aqui! Lá em Goiás, Tiradentes também é o patrono da Polícia Militar.

Como imaginei o descortinar do Palácio Tiradentes, lá na cidade Administrativa, pensando em solenidade na Afonso Pena, me veio o teatro, os personagens com roupas do século XVII, aos moldes de “Um Molière Imáginário”, com suas perucas, confabulando… Uma boa cena para o Galpão, que é tão estadual, brasileiro e internacional como o Alferes Joaquim José da Silva Xavier. Parabéns pelos 40 anos e por ter feito fantásticas apresentações em Ouro Preto. Teuda te amo! Sou fã incondicional. Já que a capital de Minas mudaria de BH para BH, dedico essa coluna a uma belorizontina!

Ouro Preto e o “Fora Saneouro”

Antes de encerrar a coluna de hoje, vamos a mais um pouquinho de política! Na mobilização política que trouxe até ao XV de Novembro Alexandre Kalil, no cair da tarde, Leleco Pimentel, candidato a deputado estadual e seus apoiadores chegaram com faixas. Pedi então ao vereador Kuruzu e ao professor Geraldo que abaixassem a faixa que eles seguravam, para poder fazer uma foto, e as autoridades rapidamente se reuniram atrás dela. Mas o que não sei, é se o prefeito sabia de antemão, que a faixa era “Fora Saneouro”, a impressão que passou foi a de surpresa, ao chegar, se posicionou ao lado do deputado federal Rogério Correia, leu a faixa e fez o “L”, com a mão. Depois tive que ir perguntar ao vereador Kuzuru, que respondeu: “Ele disse que vai tirar”, mas enquanto isso não acontece, o povo tá com medo da água ser cortada.

Chegada da caminhada ao 15 de Novembro

Tem um bom tempo que não escrevo esses tiquinhos de política, mas esse tiquinho aí, é muito especial, é o 21 de abril, tão caro para história do Brasil.
Lembrando que essa semana, a Política deve esquentar com o fim do recesso da Câmara e com as candidturas ouro-pretanas de Marquinho do Esporte, Gleiser Boroni, Leleco Pimentel e Débora Queiroz.

Confira a matéria da época:

https://www.diariodeouropreto.com.br/governo-de-minas-mantem-ato-civico-hoje-sob-os-efeitos-da-pandemia/: [Tiquinho de Política] Governador queria homenagear Tiradentes na Afonso Pena

Por Marcelino de Castro
A Coluna Tiquinho de Política é publicada aos domingos