Ouro Preto – Após 10 anos o Santuário de Nossa Senhora da Conceição recebeu as celebrações da Semana Santa. Independente do bairro, tem muita gente rezando para a Saneouro ir embora ou abaixar a tarifa, até os padres já reclamam da situação. A Semana teve iniciativas de fomento ao turismo, ao desenvolvimento econômico e ao combate à fome.

Domingo de Páscoa era o dia de acompanhar o Judas pelo centro da cidade, até sabermos qual seria o seu  testamento, antes de ser queimado para o delírio das crianças que aguardavam ansiosas pela chuva de balas.  

A resposta da Saneouro à notificação extrajudicial da prefeitura tem cerca de 1.500 páginas, e para analisar o documento há um equipe debruçada sobre o calhamaço. Algumas pistas indicam que poderá haver a redução da tarifa a valores até menores do que os praticados pela Copasa. A cada mês que se avança o “Fora Saneouro” fica mais distante, mas Kuruzu acredita que ainda há brechas jurídicas para o cumprimento da promessa.

No domingo de Ramos, fiéis observaram a ausência do prefeito na praça Tiradentes, para ouvir o sermão do Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor de Oliveira. 

Na Segunda-feira, 3/04, o prefeito Angelo Oswaldo esteve em São Paulo acompanhando o governador Romeu Zema na divulgação do turismo e firmando parcerias, uma delas foi a venda do Retiro Dom Bosco para um grupo empresarial de Portugal. Uma leitora nos perguntou se será resolvida também a situação do loteamento Dom Bosco, a saber.

Na terça-feira, a Câmara recebeu na tribuna a moradora de Cachoeira do Campo, Eva Santos que reclamou da situação da rede de drenagem pluvial, que segundo ela tem os bueiros entupidos, “Já está completando dois mandatos, meu Deus do Céu, como que ficam essas coisas”. Dona Eva também utilizou a fala para lembrar dos valores das contas da Saneouro, “são pessoas idosas chorando, sem saber como vão viver, essa situação foi criada, no nosso município, é uma situação muito séria, agora vamos esperar para ver o que Deus ajuda”… “Não tem como viver sem água, o principal da vida do ser humano se chama água”. “Pessoal ta perdendo a cabeça por causa da Saneouro, não tem como deixar a situação do jeito que tá, alguém tem que fazer alguma coisa”, desabafou Dona Eva.

Pela manhã, o prefeito esteve no Seminário nacional de direito do Patrimônio Cultural, saiu de lá acompanhado com o presidente do IPHAN, foram a Rua João Veloso, onde a prefeitura deseja demolir as ruinas de imóvel para alargar a rua e melhorar o trânsito. Ocorre que o terreno é de propriedade da Escola de Samba Inconfidência Mineira, ESIM, os quais não estariam contentes com o modo da desapropriação, nem com o valor. 

Na quarta-feira, durante a solenidade de assinatura da lei que instituiu o Plano de Apoio ao Desenvolvimento Econômico, o prefeito Angelo Oswaldo descascou a Vale, a Renova e a Samarco. Ele quer que a cidade seja reconhecida como atingida pela Fundação Renova, e quer receber a CFEM, Contribuição Federal da Extração Mineral, devida pela Vale e pela Samarco. Mesmo com a presença de representantes da Samarco no evento, Angelo Oswaldo elevou o tom das críticas. Caso receba esses recursos, teria condições de resolver a Saneouro.

Quinta-feira não teve a reunião da Câmara, mas foi realizada audiência pública para implantação do Conselho de Segurança Alimentar (Consea). Segundo Kuruzu, apesar de ter sido criado por lei em 2006, Ouro Preto nunca teve o Consea instituído. Ele destacou que esta é a segunda audiência pública para debater o tema na legislatura, a primeira foi em 2021. “Fizeram mudanças na Lei, em 2021, mas ficou nisso também, não saiu do papel”.

Para Kuruzu essa audiência foi potente com a participação de entidades da agricultura familiar de Ouro Preto, do ex-presidente do Consea Estadual, Élido Bonomo, o Lelinho, que hoje é membro do Consea nacional, do deputado Federal Padre João, do deputado Estadual Leleco Pimentel, do Secretário de desenvolvimento Social, Edvaldo César Rocha. “Sentimos a falta do secretário de Agropecuária, que é a parte de produção, né? Quando a gente fala de Consea pensa muito na alimentação, mas e a parte de produção? Kuruzu também se queixou da ausência de representantes da secretaria de Educação. “A Educação é muito importante, tem o programa do governo de aquisição de alimentos”. A Secretaria de Desenvolvimento Social lança edital para a composição do Consea, se alinhando aos conselhos estadual e nacional.  

Na Sexta-feira da Paixão tivemos Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo Emérito de mariana, pregando o sermão do descendimento da Cruz. A Procissão foi reduzida devido à chuvas, mas não perdeu seu brilho, com as paradas para o canto da Verônica. Entre os políticos que carregaram o pálio sobre o esquife do Senhor Morto, vimos apenas Renato Zoroastro, Chiquinho de Assis e Alex Brito. 

Ontem foi dia de tapetes e seresta, e claro do tradicional churrascão da Barra. Mas para o deputado Leleco Pimentel foi dia de rever a base. Ele andou por Ouro Preto, ouvindo moradores sobre a situação da água. “Mais um absurdo da Saneouro, em Ouro Preto. Visitei diversos moradores da cidade que mostraram o tamanho do abuso na cobrança das tarifas da empresa. Valores exorbitantes. Além de todo o serviço de má qualidade, esses altos preços colocam em risco o acesso a luz e consequentemente ao alimento, causando a insegurança alimentar. Não basta tirar a Saneouro, temos que reduzir as tarifas e colocar águas nos reservatórios com qualidade!”

Hoje, Domingo da Ressurreição, seria o dia do Padre Simões alvejar as crianças com as rajadas de balas! Seria o dia do Vandico mostrar sua criatividade e ironia, com o famoso testamento do Judas, que deixava os políticos de orelha em pé, para saber se tinham sido citados no texto. Mesmo sem o Judas, seu testamento e a alegria do padre jogando balas, “Ouro Preto se renova na Cultura e na Arte”, como sempre dizia Padre Simões. 

Por Marcelino de Castro

Foto destaque: Procissão da Ressurreição/Crédito: Ane Souz

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