OURO PRETO – Na manhã do dia 10 de maio, uma operação da Polícia Federal no distrito de Antônio Pereira culminou na detenção de um grupo de trabalhadores da extração manual de minerais. Homens e mulheres foram levados para depor na sede do município e tiveram suas ferramentas apreendidas. A ação gerou revolta nos moradores do distrito que, nesta terça-feira, dia 24, penduraram faixas de protesto no centro da cidade de Mariana, MG.

Nesta semana, em Ouro Preto, o vereador Vander Leitoa chegou a elaborar um requerimento a ser encaminhado à Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais solicitando informações sobre a operação ocorrida no dia 10 de maio de 2022, já que o exercício da lavra garimpeira por pessoas e cooperativas está previsto na Lei Federal nº7.805/89. Segundo o pedido do vereador, “a representação é necessária para que a Câmara Municipal tome conhecimento dos fatos, sobre a regularidade do garimpo em nosso distrito, e possa prestar assessoramento aos trabalhadores que sobrevivem dessa atividade, coibindo eventuais constrangimentos”. Vander conta que também entrou em contato com o secretário municipal de Meio Ambiente e reforçou que é preciso diferenciar esses pequenos extratores do grande garimpo, aquele que faz uso de equipamentos como a draga, que filtra os minerais preciosos e devolve a água aos rios, poluindo o meio ambiente: “Essa atividade artesanal sempre foi um escape no nosso distrito. Em tempos de crise, quando a pessoa está desempregada, ela vai tentar tirar um pouco de ouro, um trabalho pesado, mas assim consegue levar arroz e feijão, um pão para sua casa. A gente fica triste porque a Polícia Federal veio aqui e pegou só os artesanais, enquanto outros, grandes, retiram ouro bem no centro de Mariana. Desde criança, eu vejo isso acontecer e ninguém mexeu com eles”.

Para entender o caso, é importante salientar que a extração manual de minerais é uma atividade centenária na região, geralmente empreendida por pessoas que estão em situação de dificuldade e buscam com isso o seu sustento e de suas famílias. A maioria desses trabalhadores herdou o ofício dos seus antepassados. Os extratores artesanais de Antônio Pereira já criaram uma associação e entraram com uma ação no Ministério Público pedindo reconhecimento para continuidade de suas atividades.

Victor Stutz, para o Diário de Ouro Preto