O desenvolvimento de pesquisas científicas é essencial para monitorar,
embasar e direcionar os trabalhos de reparação na bacia do rio Doce.
Resultados obtidos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV),
reconhecidos nacional e internacionalmente pelos trabalhos desenvolvidos e
publicados, indicam que há significativo e progressivo retorno das condições
registradas no curso d’água antes do rompimento da barragem de Fundão,
assim como a melhoria constante na qualidade do solo, demonstrando que
não há impedimentos à sua regeneração nem ao plantio na área afetada
pelo rejeito.
Um dos estudos, realizado pelo professor do Instituto de Pesquisas
Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Carlos E. M. Tucci, aponta que o rio Doce está se recuperando. A pesquisa
simula uma projeção de dez anos a partir de 2020 com a aplicação de uma
técnica de modelagem numérica. Por intermédio de um software, a técnica
simula as características do meio ambiente, do curso d’água e da interação
do sedimento com o rejeito ao longo dos anos nas porções atingidas da
bacia do rio Doce.
De acordo com as análises, em alguns pontos afetados do rio Doce,
principalmente a jusante da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga),
já há uma tendência ao retorno das condições de transporte de sedimentos
que ocorriam antes do rompimento. Os estudos concluíram, portanto, que
os valores de descarga de sedimentos tendem a se aproximar ou até já se
aproximaram dos valores históricos medidos antes do desastre.
A pesquisa também aponta que, ao final dos dez anos simulados, grande
parte dos rejeitos tendem a se consolidar ao longo do tempo a partir das
ações da reparação da Fundação Renova, de crescimento da vegetação local
e da estabilização do fundo dos rios afetados, com a formação da camada
mais grosseira (areia, cascalho etc) dos sedimentos naturais.
Já o estudo coordenado pela doutora Maria Catarina Kasuya, especialista
em microbiologia do solo e professora da Universidade Federal de Viçosa
(UFV), comprovou que a revegetação emergencial feita logo após o
rompimento acelerou o aumento da diversidade de microrganismos no solo,
o que possibilita cultivar mudas nativas resistentes a ambientes críticos. A
pesquisa embasa a produção de mudas em viveiros na bacia do rio Doce
para contribuir com o reflorestamento da bacia. Em Mariana e Barra Longa,
viveiristas locais de trechos atingidos já aplicam a técnica em suas unidades
de produção, com subsídio da Fundação Renova.
Outra pesquisa, coordenada pelo pós-doutor Carlos Schaefer, especialista
em solos da UFV, demonstra que não há limitações para o cultivo de plantas
direto no rejeito. Em campo desde 2015, o especialista coletou amostras de
solo em 60 pontos, distribuídos entre a barragem de Fundão, em Mariana, e
a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, no município de Rio Doce, que
possibilitam análises periódicas sobre a toxicidade do solo e a natureza do
rejeito depositado.
O estudo comandado pelo professor Sebastião Venâncio, doutor em
botânica pela Unicamp e professor titular do Departamento de Engenharia
Florestal da UFV, apontou que o conjunto de ações de restauração florestal
ativa e passiva tem possibilitado uma rápida cobertura do rejeito; a
melhoria na sua fertilidade e o aumento da diversidade nas áreas atingidas.
Foram plantadas 41 mil mudas de espécies nativas em 41,5 hectares de
área impactada. Diferentes experimentos demonstraram uma alta
capacidade de regeneração do solo com rejeito, diversidade de plantas
cultivadas e um bom desenvolvimento de mudas. A pesquisa também
constatou que o rejeito não representa um impedimento para a regeneração
natural por não conter substâncias tóxicas.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Renova